Full text: 4.1925=Nr. 3 (1925000403)

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PELO MUNDO.. 
:: CARLITOS ENVOLVIDO NUM DRAMA DA VIDA REAL :: 
Certa noite acabavam de se sentar á mesa 
Garlitos, o celebre conuco de fama mundial, 
e alguns oonvidados, na sua confortável re- 
sidenaa em' Los Angeles, California. Entre 
os presentes contavam~.se o dr, Reynolds, sua 
esposa e outras pessoas de distincção das 
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relações de Garlitos. 
Súbito, d creado do artista, um japonez au- 
thentioo, interrompendo a refeição, exclamou 
em meio de estupefacção geral: 
— Sr. Chaplin, sr. Chaplin; a senhorita que, 
em gracioso pyjania, está nos seus aposentos, 
pede-lhe que lhe vá falar. 
As palavras do japonez produziram entre 
os convidados o effeito de uma bomba; 
O dr. Reynolds dirigiu a sua esposa um 
olhar de dignidade offendlda, e, ievantan- 
do-se, disse que ia ver do que se tratava. 
Seguido pelo creado, penetrou o dr. Rey 
nolds no dormitorio de Chaplin e, realmente, 
com índlgnaçãOi e espanto, ali encontrou uma 
graciosa rapariguita de 16 annos, que vestia 
um elegante pyjama de seda. E ella própria 
encarregou-se de esclarecer o occorrido: era 
a senhorita Marina Viega, pertencente a uma 
distlncta família mexicana. Viera para co 
nhecer Carlitqs, para falar-lhe, pois estava pro 
fundamente apaixonada por elle. Pedia, pois, 
encarecidaniente, para falar com 1 o seu idolo, 
rogando ao dr. Reynolds conduzil-a á pre 
sença de Carlitos. 
O dr. Reynolds, porém, com alguma seve 
ridade, disse-lhe ser o seu pedido um 1 absur 
do e a sua vontade uma coisa impossível 
de satisfazer. Visitar um 
- - . rapaz em traje tão inti- 
mo era o cumulo da in- 
correcção, dentais a mnts 
tratando-se de uma se 
nhorita de sua edade. Persuadiu-a 
de que se devia vestir, abandonando 
tão oompromettedor pyjama. 
Disse-lhe, entãpi, a senhorita Vega 
que se se vestiu tão levemfente, o fez 
na intenção de que, vista por alguem 1 , 
fosse tomada como hospede de Car 
litos, o que certo impediria que a 
mandassem para o meio da rúa. 
Carlitos, umla vez vestida a senho 
rita Vega, correu a attendél-a, em- 
quanto o doutor e o japonez passa- 
vafní á isala contigua. 
Ao ver o ¡seu amlado), a enamora 
da creaturlnha ajOálhoii-se a seus 
pés, após declarar-Ihe a sua desval- 
rada paixão:, explicou que fuglra de 
sua casa, no México, para viver a 
seu lado. 
Carlitos, com discreção, limitou- 
se a pedir-lhe que voltasse ao lar. 
— Senhorita, volte para sua casa... 
PeçO-lhe encarecidamente. Pagar-lhe- 
ei a passagem, se precisp fór... Mas 
volte, volte para junto dos seus, e 
ter-me-á dado a maior prova da sua 
grande affeição. 
Deante do que se passava, a se 
nhorita Vega, comprehendendo que 
havia escandalizado os convidados de 
Carlitos, delxou-se machinalm'ente 
conduzir de taxi, ao Hotel Ale 
xandria. 
Duas noites m'-ais tarde, no em- 
tanto, apezar d» todas as rccommen- 
dações do dr. Reynolds, que achava mcon- 
, venientissimo o visitar uma senhorita a al 
tas horas da noite, a um 1 artista solteiro, resor 
te u-se. elta a, de novo, procurar Carlitos em 
sua casa. 
E como percebesse que em 1 vão fazia os 
seus rogos de amlor, aos quaes Carlitos não 
correspondia, resolveu tomar urna trágica re 
solução ¡. Certa noite, quando reunira Car 
litos para jantar, como de costume o fazla, 
pessoas de sua amizade, irrompe um novo 
escándalo; mal haviam' todos tomado logar 
a mesa, quando o creado japonez, entrando 
a correr, exclamou: 
— A senhorita Vega acaba de se matar 
na rua¡...
	        
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