- 64 —
PELO MUNDO..
:: CARLITOS ENVOLVIDO NUM DRAMA DA VIDA REAL ::
Certa noite acabavam de se sentar á mesa
Garlitos, o celebre conuco de fama mundial,
e alguns oonvidados, na sua confortável re-
sidenaa em' Los Angeles, California. Entre
os presentes contavam~.se o dr, Reynolds, sua
esposa e outras pessoas de distincção das
m
v
WA
n
X
5*5
Co|)
J/4V-
relações de Garlitos.
Súbito, d creado do artista, um japonez au-
thentioo, interrompendo a refeição, exclamou
em meio de estupefacção geral:
— Sr. Chaplin, sr. Chaplin; a senhorita que,
em gracioso pyjania, está nos seus aposentos,
pede-lhe que lhe vá falar.
As palavras do japonez produziram entre
os convidados o effeito de uma bomba;
O dr. Reynolds dirigiu a sua esposa um
olhar de dignidade offendlda, e, ievantan-
do-se, disse que ia ver do que se tratava.
Seguido pelo creado, penetrou o dr. Rey
nolds no dormitorio de Chaplin e, realmente,
com índlgnaçãOi e espanto, ali encontrou uma
graciosa rapariguita de 16 annos, que vestia
um elegante pyjama de seda. E ella própria
encarregou-se de esclarecer o occorrido: era
a senhorita Marina Viega, pertencente a uma
distlncta família mexicana. Viera para co
nhecer Carlitqs, para falar-lhe, pois estava pro
fundamente apaixonada por elle. Pedia, pois,
encarecidaniente, para falar com 1 o seu idolo,
rogando ao dr. Reynolds conduzil-a á pre
sença de Carlitos.
O dr. Reynolds, porém, com alguma seve
ridade, disse-lhe ser o seu pedido um 1 absur
do e a sua vontade uma coisa impossível
de satisfazer. Visitar um
- - . rapaz em traje tão inti-
mo era o cumulo da in-
correcção, dentais a mnts
tratando-se de uma se
nhorita de sua edade. Persuadiu-a
de que se devia vestir, abandonando
tão oompromettedor pyjama.
Disse-lhe, entãpi, a senhorita Vega
que se se vestiu tão levemfente, o fez
na intenção de que, vista por alguem 1 ,
fosse tomada como hospede de Car
litos, o que certo impediria que a
mandassem para o meio da rúa.
Carlitos, umla vez vestida a senho
rita Vega, correu a attendél-a, em-
quanto o doutor e o japonez passa-
vafní á isala contigua.
Ao ver o ¡seu amlado), a enamora
da creaturlnha ajOálhoii-se a seus
pés, após declarar-Ihe a sua desval-
rada paixão:, explicou que fuglra de
sua casa, no México, para viver a
seu lado.
Carlitos, com discreção, limitou-
se a pedir-lhe que voltasse ao lar.
— Senhorita, volte para sua casa...
PeçO-lhe encarecidamente. Pagar-lhe-
ei a passagem, se precisp fór... Mas
volte, volte para junto dos seus, e
ter-me-á dado a maior prova da sua
grande affeição.
Deante do que se passava, a se
nhorita Vega, comprehendendo que
havia escandalizado os convidados de
Carlitos, delxou-se machinalm'ente
conduzir de taxi, ao Hotel Ale
xandria.
Duas noites m'-ais tarde, no em-
tanto, apezar d» todas as rccommen-
dações do dr. Reynolds, que achava mcon-
, venientissimo o visitar uma senhorita a al
tas horas da noite, a um 1 artista solteiro, resor
te u-se. elta a, de novo, procurar Carlitos em
sua casa.
E como percebesse que em 1 vão fazia os
seus rogos de amlor, aos quaes Carlitos não
correspondia, resolveu tomar urna trágica re
solução ¡. Certa noite, quando reunira Car
litos para jantar, como de costume o fazla,
pessoas de sua amizade, irrompe um novo
escándalo; mal haviam' todos tomado logar
a mesa, quando o creado japonez, entrando
a correr, exclamou:
— A senhorita Vega acaba de se matar
na rua¡...