Full text: Na planicie amazonica

A pa 
pobres ereaturas. A segunda lenda, das duas derra- 
deiras referidas aqui, é a do yrapurú, passarinho do 
tamanho dum curió, cujo canto mavioso e fascinante 
tem o condáo maravilhoso de attrair, rasteira e sub- 
missa, a fauna toda da matta. A” roda das grandes 
arvores em que pousa o alado cantor, ao modular as 
notas sonoras da sua garganta de ouro, a multidáo 
altenta dos bichos, presa áquelle gorgeio ondulante 
e artistico, estaca subjugada, contricta, enlevada na 
musica sobrenatural do passarinho feio, de pluma- 
gem desgraciosa, mas de belleza tal de voz que 
evoca, pelo contraste, o Cyrano de Rostand. As aves, 
os quadrupedes, os chelonios, os ophidios, os batra- 
chios, os nadadores, na varzea e nos lagos, pasma- 
«dos, confundidos, admirados como se de novo S. 
Francisco de Assis viesse falar aos passaros, ou S. 
Antonio de Lisboa andasse a pregar aos peixes, es- 
cutam quietos, enrolados no fio doce daquelle novélo 
chromatico. As aranhas e os tamanduás, os cupins 
e as antas, as formigas e as araras, O0s carrapatos e 
os tatús, as rólas e as serpentes, as saracúras e as 
oncas, reverentes e doceis como se estivessem ajoe-. 
lhados sobre a nave sagrada de cathedraes verdes, 
- tém o semblante piedoso e fraternal de quem ouve 
a symphonia religiosa do orgam duma basilica. As 
notas irisadas que se espalbam no ether radioso, 
tanto fazem lembrar risadas de criancas como fan- 
farras militares, oragdes de monjas e pipilar de ni- 
nhos. Na amplidáo ha qualquer cousa de morno 
e de suave envolvendo a terra e a natureza. A 
  
  
 
	        
© 2007 - | IAI SPK
Waiting...

Note to user

Dear user,

In response to current developments in the web technology used by the Goobi viewer, the software no longer supports your browser.

Please use one of the following browsers to display this page correctly.

Thank you.