A pa
pobres ereaturas. A segunda lenda, das duas derra-
deiras referidas aqui, é a do yrapurú, passarinho do
tamanho dum curió, cujo canto mavioso e fascinante
tem o condáo maravilhoso de attrair, rasteira e sub-
missa, a fauna toda da matta. A” roda das grandes
arvores em que pousa o alado cantor, ao modular as
notas sonoras da sua garganta de ouro, a multidáo
altenta dos bichos, presa áquelle gorgeio ondulante
e artistico, estaca subjugada, contricta, enlevada na
musica sobrenatural do passarinho feio, de pluma-
gem desgraciosa, mas de belleza tal de voz que
evoca, pelo contraste, o Cyrano de Rostand. As aves,
os quadrupedes, os chelonios, os ophidios, os batra-
chios, os nadadores, na varzea e nos lagos, pasma-
«dos, confundidos, admirados como se de novo S.
Francisco de Assis viesse falar aos passaros, ou S.
Antonio de Lisboa andasse a pregar aos peixes, es-
cutam quietos, enrolados no fio doce daquelle novélo
chromatico. As aranhas e os tamanduás, os cupins
e as antas, as formigas e as araras, O0s carrapatos e
os tatús, as rólas e as serpentes, as saracúras e as
oncas, reverentes e doceis como se estivessem ajoe-.
lhados sobre a nave sagrada de cathedraes verdes,
- tém o semblante piedoso e fraternal de quem ouve
a symphonia religiosa do orgam duma basilica. As
notas irisadas que se espalbam no ether radioso,
tanto fazem lembrar risadas de criancas como fan-
farras militares, oragdes de monjas e pipilar de ni-
nhos. Na amplidáo ha qualquer cousa de morno
e de suave envolvendo a terra e a natureza. A