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PELO MUNDO...
quasi nada, e Binto urna especie de satisfação do
lorosa em procurar eu mesmo o assassino.
Não acredita, inqueriu Ponderbury, em que
esse diamante poderia ter cahido de uma joia com
que seu pae estivesse, de um alfinete de gravata,
por exemplo, de um annel ou de um botão de
camisa?
— Meu pae não usava joias, affirmou Wilfredo,
a menos que se dê esse nome a um grande relogio
liso de prata. Oh! não, estou certo de que o dia
mante nunca lhe pertenceu.
— Pois bem! senhor Alliston, faço votos de todo
coração para que seus esforços sejam bem succe-
didos. O senhor soffreu uma perda terrivel e nós
lhe hypothecamos nossa mais profunda sympathia.
Quando, porém, somos victimas da desgraça, é pre
ciso que não contemos tão sómente com o apoio
dos homens; precisamos elevar os olhos também...
— Muito obrigado, Sra. Storer, respondeu Wil
fredo, detendo com um franzir de sobrolhos a in
terrupção imminente de Ponderbury, apertando vi
vamente a mão da velha. Póde crêr que não dei
xarei de pensar assim.
— Bom. Desejo-lhe muito bôa noite, senhor,
disse a vóvó saudando-o no momento em que dei
xava a loja.
Ella está sempre prompta a dar opinião,
affirmou o agente.
Wilfredo deu de hombros, sem responder. Em-
quanto estava mergulhado em suas reflexões, en
trou Muskin.
Bom dia, Joe, disse Ponderbury. Veio ver
Ada?
— Não vim só para isso, respondeu Joe; pensei
encontrar o Sr. Alliston por cá vêr se elle tinha
sabido de alguma cousa. Tenho a intenção de pôr,
eu também, meu nariz nesse negocio.
Realmente, disse Wilfredo, em quem uma li
geira ruga na fronte era a única cousa que deno
tava a surpresa.
Por Deus, que sim. Estou bem certo de que
o Sr. Alliston não se agastará por lhe eu dar rm
aperto de mão. Creio que é o dever de todos...
— Já ouviu dizer que se offerecem duzentas
libras de recompensa áquelle que fizer descobrir-
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João ! Emprestas-me cem mil réis ? Pagar-t'os-hei
que me deres dinheiro...
logo
se o culpado? perguntou Wilfredo num tom fría
mente polido.
— Oh! fez Joe, que, tomado de surpresa, enru
bescia e coçava a orelha; ouvi alguma cousa a
respeito, mas...
— Ah! exclamou Ponderbury com uma grande
risada, que abafou immediatamente. considerando
a presença de Wilfredo; bem sabia que Joe seria
um dos primeiros informados. Pensa alcançar as
duzentas libras, Joe?
— Palavra, que devo suppôr ter tanto direito
de experimentar como qualquer outro, não é ver
dade? — respondeu um pouco seccamente.
Parece-me tel-o visto sahir, não ha muito, da
«cabana dos Bohemios». Estarei enganado? inque
riu Wilfredo.
— Effectivamente, retrucou Joe, o senhor viu
bem. Ahi estive com uma pá e levantei um pedaço
de terra assignalada com uma impressão bem níti
da; transportei-a á quinta e fil-a endurecer no
forno- E’ uma cousa que tem seu valor, o senhor
bem sabe, e eu não quero perder a opportunidade.
Oh! Joe conhece-se, murmurou Ponderbury,
sem se dirigir a ninguém em particular.
— Bem! senhor Mustin, fico-lhe muito obrigado
por seu concurso nesse caso. O senhor se rejubi
lará, por certo, se sonhar que passei na cabana
uma bôa parte do dia e que, durante minha visita,
encontrei alguma cousa que me parece ser um pe
queno diamante. Minha opinião, pelo menos, é
essa. E que é que o senhor diz?
Joe examinou a pedra com um ar de entendido
durante alguns segundos, deitando um olhar de
soslaio a Ponderbury, para ver se este o observava.
Um tanto desconcertado por se vêr vigiado, proce
deu attentamente a uma nova inspecção, e sacudiu
a cabeça com um ar de duvida:
Não é um diamante, senhor Alliston, acabou
por dizer, evidentemente contrariado por consta
tar que o Sr. Ponderbury 0 observava sempre. E’
apenas um fragmento de vidro talhado, e nada
mais. Posso pôl-o fóra?
Para apanhal-o depois, observou Ponderbury
em voz baixa, tomando-lhe a pedra da mão e resti
tuindo-a a Wilfredo.