Full text: 1.1922=Nr. 3 (1922000103)

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PELO MUNDO... 
quasi nada, e Binto urna especie de satisfação do 
lorosa em procurar eu mesmo o assassino. 
Não acredita, inqueriu Ponderbury, em que 
esse diamante poderia ter cahido de uma joia com 
que seu pae estivesse, de um alfinete de gravata, 
por exemplo, de um annel ou de um botão de 
camisa? 
— Meu pae não usava joias, affirmou Wilfredo, 
a menos que se dê esse nome a um grande relogio 
liso de prata. Oh! não, estou certo de que o dia 
mante nunca lhe pertenceu. 
— Pois bem! senhor Alliston, faço votos de todo 
coração para que seus esforços sejam bem succe- 
didos. O senhor soffreu uma perda terrivel e nós 
lhe hypothecamos nossa mais profunda sympathia. 
Quando, porém, somos victimas da desgraça, é pre 
ciso que não contemos tão sómente com o apoio 
dos homens; precisamos elevar os olhos também... 
— Muito obrigado, Sra. Storer, respondeu Wil 
fredo, detendo com um franzir de sobrolhos a in 
terrupção imminente de Ponderbury, apertando vi 
vamente a mão da velha. Póde crêr que não dei 
xarei de pensar assim. 
— Bom. Desejo-lhe muito bôa noite, senhor, 
disse a vóvó saudando-o no momento em que dei 
xava a loja. 
Ella está sempre prompta a dar opinião, 
affirmou o agente. 
Wilfredo deu de hombros, sem responder. Em- 
quanto estava mergulhado em suas reflexões, en 
trou Muskin. 
Bom dia, Joe, disse Ponderbury. Veio ver 
Ada? 
— Não vim só para isso, respondeu Joe; pensei 
encontrar o Sr. Alliston por cá vêr se elle tinha 
sabido de alguma cousa. Tenho a intenção de pôr, 
eu também, meu nariz nesse negocio. 
Realmente, disse Wilfredo, em quem uma li 
geira ruga na fronte era a única cousa que deno 
tava a surpresa. 
Por Deus, que sim. Estou bem certo de que 
o Sr. Alliston não se agastará por lhe eu dar rm 
aperto de mão. Creio que é o dever de todos... 
— Já ouviu dizer que se offerecem duzentas 
libras de recompensa áquelle que fizer descobrir- 
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João ! Emprestas-me cem mil réis ? Pagar-t'os-hei 
que me deres dinheiro... 
logo 
se o culpado? perguntou Wilfredo num tom fría 
mente polido. 
— Oh! fez Joe, que, tomado de surpresa, enru 
bescia e coçava a orelha; ouvi alguma cousa a 
respeito, mas... 
— Ah! exclamou Ponderbury com uma grande 
risada, que abafou immediatamente. considerando 
a presença de Wilfredo; bem sabia que Joe seria 
um dos primeiros informados. Pensa alcançar as 
duzentas libras, Joe? 
— Palavra, que devo suppôr ter tanto direito 
de experimentar como qualquer outro, não é ver 
dade? — respondeu um pouco seccamente. 
Parece-me tel-o visto sahir, não ha muito, da 
«cabana dos Bohemios». Estarei enganado? inque 
riu Wilfredo. 
— Effectivamente, retrucou Joe, o senhor viu 
bem. Ahi estive com uma pá e levantei um pedaço 
de terra assignalada com uma impressão bem níti 
da; transportei-a á quinta e fil-a endurecer no 
forno- E’ uma cousa que tem seu valor, o senhor 
bem sabe, e eu não quero perder a opportunidade. 
Oh! Joe conhece-se, murmurou Ponderbury, 
sem se dirigir a ninguém em particular. 
— Bem! senhor Mustin, fico-lhe muito obrigado 
por seu concurso nesse caso. O senhor se rejubi 
lará, por certo, se sonhar que passei na cabana 
uma bôa parte do dia e que, durante minha visita, 
encontrei alguma cousa que me parece ser um pe 
queno diamante. Minha opinião, pelo menos, é 
essa. E que é que o senhor diz? 
Joe examinou a pedra com um ar de entendido 
durante alguns segundos, deitando um olhar de 
soslaio a Ponderbury, para ver se este o observava. 
Um tanto desconcertado por se vêr vigiado, proce 
deu attentamente a uma nova inspecção, e sacudiu 
a cabeça com um ar de duvida: 
Não é um diamante, senhor Alliston, acabou 
por dizer, evidentemente contrariado por consta 
tar que o Sr. Ponderbury 0 observava sempre. E’ 
apenas um fragmento de vidro talhado, e nada 
mais. Posso pôl-o fóra? 
Para apanhal-o depois, observou Ponderbury 
em voz baixa, tomando-lhe a pedra da mão e resti 
tuindo-a a Wilfredo.
	        
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