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Pelo mundo*..
=0 CURIOSIDADES CELESTES e=
i i
O mysferio da lúa
Não ha duvida de que a infi
nita variedade de seres augmenta
a belleza da Creaçâo, e de cada
vez que é dada á intelligencia
humana a percepção de urna nova
faceta dessa joia, a formosura da
obra de Deus adquire, a nossos
olhos, cambiantes que induzem
a amar com maior fervor o crea
dor de tanta beileza.
Não acreditamos, por isso, que
andem muito acertados os que
procuram semelhança de condi
ções nos astros para suggerirem
a probabilidade de que são po
voados. Afinal, por que será que
se torna preciso serem parecidos
comnosco os nossos visinhos do
eco ?
Admittido, mesmo, qualquer in
dicio, é, entretanto, arriscada
qualquer opinião sobre coisa tão
difticil.
Veja-se o que acontece com a
Lúa, por exemplo.
Quasi passa por axiomática a
falta de condições que, para sua
habitabilidade, tem o nosso satél-
lite, derivadas da supposta caren
cia de atmosphera, e, entretanto, parece que essa coisa
não tem grandes \isos de verdade, pois não está muito
de accordo com certos factos inexplicáveis, mas incon
testáveis.
Na linha de separação, entre a luz e a sombra, que a
distin ta posição do astro faz passear pelo disco, veem-
se com frequencia illuminados os vértices das monta
nhas lunares, quando a base se acha já submersa na
sombra.
Pois bem ! Se não houvesse atmosphera na Lua, esses
vértices afundar-se-iam reoentinamt nte na invisibilidade,
assim que deixassem de receber a luz do sol. No emtanto,
não é isso o que nós notamos- O que se nota é ir per
dendo paulatinamente o brilho a cúspide montanhosa
como se fossem mais debeis os últimos gazes luminosos
que lá chegam, debilítanos por maior extensão de atmos
phera atravessada ao roçar com o solo em extensões
maiores, consequentes ao gyro incessante do satellite-
A luz cinzenta que pelo reflexo da Terra nos permitte
vêr por completo a Lua, nos primeiros dias do cresiente,
quando a magia da luz solar apenas fez visivel com bri
lhantismo um delgado fuso de seu disco, não apparece
toda duma vez, mas gradualmente, a ampliar-se como
débil crepúsculo que a sua atmosphera modificasse.
E’ nada menos que o famoso astrónomo Ayri, director
por muitos annos do mais importante observatorio de
m
H
a
A melhor photographia obtida do crescente lunar, devida a Lcevy e Puisex.
Inglaterra, quem affirma que o estudo de duzentas e no
venta e cinco occultações de estrellas, pela Lua, o levam
a suspeitar um achatamento apparente do seu diâmetro,
que pode ser produzido pela atmosphera do satel ite, o
qual simularia por encurvamento dos raios luminosos um
atrazo na immersão e um avanço no resurgimento uo
astro occulto pela Lua.
Mas ha mais. Em uma occultação do planeta Júpiter
por traz da Lua, parece que se observou uma parte mais
obscurecida do que o resto a projectar-se sobre o disco,
como somnra de atmosphera, no momento da desappari-
ção do maior dos planetas.
Isto no que se refere á existencia da atmosphera, que,
admittinuo-se que exista lá e em condições analogas ás
da terrestre, deveria ter uma elevação seis vt-zes maior,
porque a attracçâo sobre o nosso satellite, ou força com
que este retém os objectos situados em sua superficie, é
seis vezes menor que a Terra.
A quietude e cessação de todo movimento no astro visi-
nho, já qualificado de corpo celeste morto, também, pare
cem postas em interdicto, por alguns factos observados.
Sirva de exemplo o succedido com a planicie denomi
nada Mar do Néctar, muitas vezes descripta por Mcedler
Sorhmann e Schmit em diversos annos e épocas. Falta
nessas descripções uma cratera ou montanha circular, que
agora se distingue sem duvida de especie alguma. Não é
menos curioso o succedido
num logar perto da cratera,
chamado Higinio, oe queFlam-
marion possúe varios clichés
n’alguns dos quaes apparece,
ao noroeste e perto daquella
montanha, outra menor que
não se vê noutros extmplans.
Não parece mais racional
admittir que essa cratera, vi
sivel só algumas vezes, ficará
occulta por suas emanações
vaporosas, que suppôr uis-
traidos, ou inhab*is, tantos e
tão conscienciosos observado
res que não deram por isso ?
Nada, porém, tão digno de
nota como o occorrido com a
dupla cratera, chamada Mes-
sier, pelos astrónomos alle-
mães, em memoria ao francez
desse nome. Existem, dessa
dupli cratera, muitas des
cripções accordes, que não as
mostram absolutamente eguaes
ou em tudo semelhantes. A
situada á esquerda, no espaço
attingido, pelo oculo, é alon
gada de Éste a Oeste, ao passo
que a da direita é, na appa-
rencia, perfeitamente arredon
dada. E nada tão mysterioso
Os anneis do grande planeta Saturno.