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PELO MUNDO... 
qual não ha piedade na terra!... Ou o dominio ou 
a Morte! Ouvi: armados de chuços, achados, en 
xadas e pedras, iremos ao castello. E alli pedi 
remos que nos entreguem o Senhor, para enlor- 
cal-o como castigo da mo:te de Raco. 0 nosso 
atrevimento deve causar-lhes riso. Os grandes 
riem-se sempre dos pequenos quando estes pidem 
justiça. Responder-nos-hão com desprezo, soltai- 
nos-hão os cães, crivar-nos-hão de tiros de bésta. 
Morreremos pelejando! Mas quando estivermos 
mortos, começará então a nossa vingança, porque 
os nossos corpos insepultos envenenarão os ares 
e as aguas. E a terra toda ficará infecta. Ninguém 
se atreverá a acercar-se das nossas carnes, cor 
rompidas antes mesmo de que a morte lhes toque, 
nem as feras famintas do bosque, que fogem ao 
sentir o nosso cheiro, nem as aves de bicos e gar 
ras recurvos, porque as adverte o instincto de 
que, quem nos toca, morre. 
— Vamos, vamos! gritou em côro toda a lcpro- 
zeira. 
E o terrível batalhão pôz-se em marcha atravôs 
das baixadas e dos outeiros, lançando de vez em 
quando angustiados gritos: 
— Morra o Senhor! Morram 03 homens sãos! 
Viva a lepra! S. Lazaro e o exterminio! 
Naquella legião viam-so todas as deformações 
que ás suas victimas impõe a lepra com os seus 
cruéis caprichos, rebeldes á classificação da scien- 
cia. Um homem de estatura athletica tinha a en 
fermidade localisada no nariz e nos labios, donde 
brotava uma massa de carne vermelha, como se 
fosse a tromba de um tapir. Uma velha coberta 
de farrapos su.ios, côxa, apoiada a duas muleta», 
caminhava aos saltos como uma aranha. Cinco 
ou seis velhos cégos iam de mãos dadas, apoiando- 
se uns aos outros quando cahiam, tropeçando nas 
pedras ou por causa das desigualdades do terreno. 
Um horrível monstro, cuja cabeça era uma massa 
amorpha de carne, chagas e cabello, alçava feroz 
mente para o ceu os braços sem mãos. E adiante 
Iam as creanças, candidas e bellas, cantando com 
argénteas vozes o hymno da morte, que, ao sahir 
das suas gargantas frescas, em notas agudas, vi 
brantes como campainhas de prata, adquiria maior 
vehemencia trágica: 
Fujamos juntos da vida. 
Que é só ignominia e dor; 
Corramos juntos á morte. 
Que é nosso anjo salvador. 
Com o viver envenenado, 
Nosso desejo é morrer, 
Morram também os verduge» 
Que nos fazem padecer! 
Para a injusta provação. 
Venha a vingança dos ceus 
E que os anjinhos leprosos 
Mcstrem as chagas a Deus. 
Dôr e morte, 
Morte e dôr: 
No rosto, o espanto 
E na alma, o horror!» 
A canção vingadora das creanças malditas pro. 
pagava-se no ambiente, apenas i Iluminado psl°B 
primeiros albores de um dia de nevoa, despertan 
do os echos da montanha, que repetiam confusa 
mente os vocábulos em que os cantores punham 
a mai s enérgica vibração das suas vozes angéli 
cas: «Morte! Dôr!» Ao côro infantil reuniram--se 
dentro em breve as vozes dos homens e das mu 
lheres, jovens e velhos, roucas umas, fanhosas 
outras, formando um desharmonico e lugubre con- 
Juncto que enchia de medonhas resonancias rs 
valles da Huesosa. 
Quando a hoste lazarenta chegou aos planaltos 
de Embairé, fulgia o sol por detraz do Castello 
da Oscurada. Ñas torres do Degolado e na do 
Dragão, que defendem os extremos do cyclopico 
forte, as sentinellas deram voz de álerta. E as 
ameias cobriram-s^ rapidamente de homens de 
normas. 
Santullano adiantou-se atá ás bordas do fôsso, 
no fundo do qual crescia denso mattagal de sarças, 
saramagos e out^as plantas bravias, e, levántam 
elo a sua disforme cabeça, gritou: 
— 0’ do Ca°tello! Queremos fallar eom « 
Senhor! 
0 capellão, informado da extranha e inverosí 
mil novidade que occorria, e que havia causado 
entre os moradores do forte tanta surpreza como 
curiosidade, a.ssomou a urna janella que havia 
sobre a porta principal e disse: 
— A vossa ousadia merece exemplar castigo. 
Como vos atreveis a vir aqui em assoada e aos 
gritos, e como tendes a arrogancia de pedir que 
Sua Grandeza compareça? Sois a peor canalha dos 
seus Estados; nem condição humana se vos ou 
torga, pois que Deus Nosso Senhor vos castigou. 
— pondo-vos a marca do fogo no rosto. Ide-vos. 
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1 " ' z A MAIOR NADADORA DO MUNDO 
Aspecto da partida ern vm campeonato f, minino de natação■ Miss Ethelda Bieibtrey, á direita, vencen 100 jardas no 
campeonato de natação de Nova Galles do Sul (Sidnev-Australia), levantando o record mundial 
de 1 minuto e 4 2\5 segundos.