Full text: 1.1922=Nr. 3 (1922000103)

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PELO MUNDO... 
quadros celebres =b= 
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Ticiano — “Santa Conversação” 
AINDA O VEGETARISMO 
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Para elle voltamos... Se ha falta de carne e 
m 
quenas cidades do Périgord, Monpazier e Ville- 
franche, muito pouco afastadas uma da outra- 
Uma noite, os habitantes de Villefranche tra 
maram ir apoderar-se de Monpazier; eu pelo 
mais singular dos acasos, na mesma noite, os 
habitantes de Monpazier resolveram ir surpre- 
hender Villefranche. 0 acaso fez ainda com 
que, havendo tomado caminhos differentes, ae 
não encontrassem os dous grupos. 
Este duplo projecto foi executado de parte 
a parte com a maior facilidade porque as duas 
cidades haviam ficado desertas. Foi uma con 
tradança engraçada. Saquearam, roubaram, 
encheram-se do alheio, mas, felizmente, sem 
queimar coisa alguma nem destruir. 
«Para quê? Por quê? Visto estar tudo des 
tinado a ser nosso, pertencer- nos!» diziam aqui 
e alli. 
Os dois grupos, o de Monpazier assim como 
o de Villefranche, triumphavam. 
Mas quando amanheceu, e que as noticias 
começaram a espalhar-se pelo campo, desco 
briu-se a meada, — e os dois adversarios resol 
veram simplesmente «que cada um voltasse 
T. ara sua casa, e que restituiriam mutuamente 
todos os objectos saqueados». 
Tanto incommodo para nada. Simplesmente 
tempo perdido, com os respectivos sustos o 
ephemeras alegrias. 
é cara, por que não nos havemos de fazer ve 
getarianos, á moda de Pythagoras, que vivia 
de pão, mel, fructas e legumes? Não passaría 
mos peor por isso. 
0 escriptor francez Georges Maurevert, de 
pois de ter citado, a esse respeito, uma passa 
gem muito curiosa de Luciano de Samosate, 
que gabava os agriões, os alhos bravos e as 
cebolas, lembra-nos o exemplo de Francisque 
Sarcey, o «bom critico da pança florida» que 
aos sessenta e cinco annos, quiz experimentar 
o vegetarismo, como simples curiosidade de 
jornalista á procura de artigos: 
«Os primeiros tempos foram assaz duros, 
pois estava acostumado á carne, e os combates 
com a cosinheira foram épicos... Ao fim de um 
anno, contou-nos as vantagens do seu novo re 
gimen, n'um artigo do «Echo de Paris» de 24 
de Março de 1895, que o acaso ha pouco nos fez 
encontrar. Escutemos aquelle a quem a voz da 
fama chamava «o Bom Senso feito homem» ■ 
«...Depois do primeiro mez d’experiencia, re 
solvi continuar alguns mezes mais o ensaio que 
bastante me agradava, a despeito dos tr stes 
prognosticos com que fui largamente mimosea 
do ao principio. Eis o resultado obtido: estou 
acclimado ao vegetarismo, e creio que o adopta. 
rei pelo resto da minha vida. Recuperei, gra 
ças a este regimen, a elasticidade e a energia 
que quasi havia perdido; a minha saude con- 
solidou-se; algumas das indisposições naturaes 
á velhice, e de que eu começava a resentir-me, 
desappareceram como por encanto. Nunca pas 
sava um inverno sem apanhar uma bronchite, 
que me obrigava a suspender as minhas con 
ferencias. Acabo de atravessar este, que, com- 
tudo, foi dos mais rigorosos, sem nunca inter 
romper o meu trabalho. Attribuo este resultado 
â consolidação geral de saude que devo á pra 
tica do regimen vegetariano...» 
Georges Maurevert affirma, e com razão, 
que o vegetarismo poupa a saude e a bolsa. 
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eses tempo perdido eese 
I 1 
Uma das mais curiosas coincidencias que a 
historia jamais apresentou, é a aventura que 
se deu durante o reinado de Henrique III de 
França, no tempo das guérras religiosas que 
tanto ensanguentaram a mesma em duas pt> 
Acção da Mulher 
a mulher trabalha tanto como o homem, 
¿nas de uma fórma mui diversa. Ha algumas 
que trabalham doze horas por dia e que sup- 
pôem não trabalhar. Uma das mais laboriosas 
dizia modestamente: «Vivo como uma princeza. 
E’ meu marido quem trabalha e quem me sus 
tenta. As mulheres não servem para coisa al 
guma.» 
Esta «coisa alguma» envolve um trabalho 
suave, lento, compassado, voluntario, tendo 
sempre em vista o que ella gosta, para seu 
marido e para seu filho. Este trabalho que 
lhe não absorve o espirito, é como o urdume do 
tecido dos seus pensamentos. N’elle envolve, 
como a trama, todas as coisas da casa em que 
o homem nem sequer pensaria, "devido aos seus 
affazeres, muitas vezes sonhos bastante serios 
sobre o futuro de seus filhos, frequenies vezts 
também uma poesia mais alta e mais ampla 
de humanidade, de caridade. 
Alguém perguntou á illustre e encantadora 
58 senhora Stowe, como fizera o seu bello «Tio 
$ Tom»: «Fazendo sósinha o arranjo da casa, 
meu caro senhor.» 
Jos. Untersberger— “Maria-Magdalena”
	        
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