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PELO MUNDO...
quadros celebres =b=
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Ticiano — “Santa Conversação”
AINDA O VEGETARISMO
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Para elle voltamos... Se ha falta de carne e
m
quenas cidades do Périgord, Monpazier e Ville-
franche, muito pouco afastadas uma da outra-
Uma noite, os habitantes de Villefranche tra
maram ir apoderar-se de Monpazier; eu pelo
mais singular dos acasos, na mesma noite, os
habitantes de Monpazier resolveram ir surpre-
hender Villefranche. 0 acaso fez ainda com
que, havendo tomado caminhos differentes, ae
não encontrassem os dous grupos.
Este duplo projecto foi executado de parte
a parte com a maior facilidade porque as duas
cidades haviam ficado desertas. Foi uma con
tradança engraçada. Saquearam, roubaram,
encheram-se do alheio, mas, felizmente, sem
queimar coisa alguma nem destruir.
«Para quê? Por quê? Visto estar tudo des
tinado a ser nosso, pertencer- nos!» diziam aqui
e alli.
Os dois grupos, o de Monpazier assim como
o de Villefranche, triumphavam.
Mas quando amanheceu, e que as noticias
começaram a espalhar-se pelo campo, desco
briu-se a meada, — e os dois adversarios resol
veram simplesmente «que cada um voltasse
T. ara sua casa, e que restituiriam mutuamente
todos os objectos saqueados».
Tanto incommodo para nada. Simplesmente
tempo perdido, com os respectivos sustos o
ephemeras alegrias.
é cara, por que não nos havemos de fazer ve
getarianos, á moda de Pythagoras, que vivia
de pão, mel, fructas e legumes? Não passaría
mos peor por isso.
0 escriptor francez Georges Maurevert, de
pois de ter citado, a esse respeito, uma passa
gem muito curiosa de Luciano de Samosate,
que gabava os agriões, os alhos bravos e as
cebolas, lembra-nos o exemplo de Francisque
Sarcey, o «bom critico da pança florida» que
aos sessenta e cinco annos, quiz experimentar
o vegetarismo, como simples curiosidade de
jornalista á procura de artigos:
«Os primeiros tempos foram assaz duros,
pois estava acostumado á carne, e os combates
com a cosinheira foram épicos... Ao fim de um
anno, contou-nos as vantagens do seu novo re
gimen, n'um artigo do «Echo de Paris» de 24
de Março de 1895, que o acaso ha pouco nos fez
encontrar. Escutemos aquelle a quem a voz da
fama chamava «o Bom Senso feito homem» ■
«...Depois do primeiro mez d’experiencia, re
solvi continuar alguns mezes mais o ensaio que
bastante me agradava, a despeito dos tr stes
prognosticos com que fui largamente mimosea
do ao principio. Eis o resultado obtido: estou
acclimado ao vegetarismo, e creio que o adopta.
rei pelo resto da minha vida. Recuperei, gra
ças a este regimen, a elasticidade e a energia
que quasi havia perdido; a minha saude con-
solidou-se; algumas das indisposições naturaes
á velhice, e de que eu começava a resentir-me,
desappareceram como por encanto. Nunca pas
sava um inverno sem apanhar uma bronchite,
que me obrigava a suspender as minhas con
ferencias. Acabo de atravessar este, que, com-
tudo, foi dos mais rigorosos, sem nunca inter
romper o meu trabalho. Attribuo este resultado
â consolidação geral de saude que devo á pra
tica do regimen vegetariano...»
Georges Maurevert affirma, e com razão,
que o vegetarismo poupa a saude e a bolsa.
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I 1
eses tempo perdido eese
I 1
Uma das mais curiosas coincidencias que a
historia jamais apresentou, é a aventura que
se deu durante o reinado de Henrique III de
França, no tempo das guérras religiosas que
tanto ensanguentaram a mesma em duas pt>
Acção da Mulher
a mulher trabalha tanto como o homem,
¿nas de uma fórma mui diversa. Ha algumas
que trabalham doze horas por dia e que sup-
pôem não trabalhar. Uma das mais laboriosas
dizia modestamente: «Vivo como uma princeza.
E’ meu marido quem trabalha e quem me sus
tenta. As mulheres não servem para coisa al
guma.»
Esta «coisa alguma» envolve um trabalho
suave, lento, compassado, voluntario, tendo
sempre em vista o que ella gosta, para seu
marido e para seu filho. Este trabalho que
lhe não absorve o espirito, é como o urdume do
tecido dos seus pensamentos. N’elle envolve,
como a trama, todas as coisas da casa em que
o homem nem sequer pensaria, "devido aos seus
affazeres, muitas vezes sonhos bastante serios
sobre o futuro de seus filhos, frequenies vezts
também uma poesia mais alta e mais ampla
de humanidade, de caridade.
Alguém perguntou á illustre e encantadora
58 senhora Stowe, como fizera o seu bello «Tio
$ Tom»: «Fazendo sósinha o arranjo da casa,
meu caro senhor.»
Jos. Untersberger— “Maria-Magdalena”