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PELO MUNDO...
A
POESIA DA NEVE «=>
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A natureza
do Brazil
não nos dá o
aspecto ex-
t ranho e
cheio de poe
sia da neve
de que tan
tas outras
terras se
ufanam. Se
rá mesmo
poesia, ou
desolação ?
Que o ava
liem os
olhos que
pousarem
sobre estas
paginas em
que damos
varias pho-
t ographias
colhidas em
H es ponha,
que quer
hombrear
com a Suis-
sa no que
respeita á
poesia da
neve.
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I
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ÍJm dos picos mais elevados dos Pyrineus àk H
hespanhóes. ^
A neve branca e impolluta foi sempre um vestido
e gala para os montes alterosos; ornato das arvores
esqueléticas, retorcidas sob o céo pardacento, como
em convulsões de agonia; polido espelho onde o
oeijo do sol se reflecte num impeto, despedindo
scentelhas de luz; grande niveladora das desegual-
uades naturaes, já que, por sua causa, se confundem
a verde louçania dos prados e a hostil aridez dos
ermos; a planicie e a sinuosidade; o valle placido e
a escarpa perigosa. A’ approximação da neve, busca-
se sempre o morno ambiente do lar, o fogão que
erepita como um inferno, onde os espíritos do mal
ailam o sabbat phantastico das chammas nervosas.
Os poetas, eternos sonhadores, pintam-nos bellos
quadros de amor e de perseverança sobre o fundo
'inmaculado de monotona alvura, e dizem-nos com
‘enues palavras subtis, como gemidos de dôr, as tra
gedias que o
manto frio co-
P r e, sepultura
'«clemente do
dpe erra, atto-
mto, na immen-
sidade da steppe
P°r onde avança,
'atai e tragica,
* figura sinistra
«a Morte...
Já lá se foi
esse tempo ro
mântico e senti
mental. Já se não
'°ge da neve,
"em se teme sua
quéda. A silhue
ta gentil da cas-
*ellá debruçada
da janella gothi-
Ca , indifferente
ao caminhar das
horas, com o
pinar perdido no
horizonte nebu-
'°so e o cora-
«o no amado
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Vista panorámica da serra-
^ Ponte da fonte do Fígado, em Panticosa na
Hespanha.
que está longe, é hoje substituida pela galhardia da
alpinista audaz, indómita arrostadora do frio, que,
vestida com o branco jersey e o encantador gorro
ponteagudo de lã, põe sobre os montes desamparados
e aggressivos a nota de sua alegria e o thesouro im
ponderável de sua juventude e de sua belleza.
As paragens de neves perpetuas consideram-se, nos
tempos modernos, como sanatorios. Sobre ellas, pla
nejam-se grandes edificios, onde a moderna thera-
peutica reune copiosos materiaes de defeca contra o
mal, e esparge, no desconsolado viver dos incuráveis,
a misericordiosa semente de uma esperança.
Desapparecido o temor que a lenda e o abandono
punham sobre os campos nevados, são elles procura
dos, pela geração actual, para fortalecer o corpo e
regosijar o espirito ; para abstrahir-se na contempla
ção do espectáculo que proporcionam, ou para ascen
der aos elevados
picos que as nu
vens coroam e
abandonar-se da
altura numa te
meraria descida
vertiginosa que
prende a respi
ração, contrahe
os pulmões e
brune a pelle
com o áspero
resvalar do ar,
subtil como um
fio de gelo.
Uma bem or
ganizada propa
ganda, efFicaz-
mente servida
pela arte dos
photographos,
que procuram os
sítios maispitto-
rescos para di-
vulgal-os pelo
mundo, conse
guiu para a Suis-
sa um grande