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PELO MUNDO...
seease
AS EXTRAORDINARIAS FAÇANHAS DA LAMPREIA
Tudo que sabemos, nós que não somos na
turalistas nem biologos, acerca da lampreia,
se reduz á historia do rei guloso que morreu
engasgado comendo uma pratada delias, e a
de um Cezar insensato que lançou os seus es
cravos no tanque afim de as alimentar.
Porém, a lampreia é realmento um proble
ma scientifico. Não póde ser catalogada como
um peixe não tendo barbatanas, e o seu appa-
relho respiratorio não se parecendo com os
dos peixes em geral. Parte do tempo ella passa
no mar e parte na agua doce do rio. Faz um
ninho e
põe os seus
ovos r1 o
acima nos
cursos de
agua da
Europa e
da Ameri
ca, e é nos
rios que
ella é pes
cada. Hou
ve tempo
que se pes
cavam no
Tamisa
mais de um
milhão de
lamp reias
annuaes,
aue se ven
diam como
isca aos
pescadores
de baca-
Iháo e de
robalo dos
mares do
Norte.
A lam
preia se
contrapõe
a algumas
de nossas
noçõespre-
d i iectas,
pois, pos
suindo o
mais dimi
nuto cerebro entre os peixes, demonstra en
tretanto um grau de inteliigencia que é quasi
humana.
No principio da primavera, abandona a lam
preia o mar e remonta os rios, afim de pro
curar um lugar apropriado onde depositar os
seus ovos, e nesse lugar faz um buraco. Abre
o buraco enrolando e desenrolando o corpo
repetidamente, e desse modo retira a lama e
areia do leito do rio. A agua turva-se então, e
torna-se barrenta; porém logo que fica con
cluido o trabalho, póde-se ver uma cova bem
feita e alisada. Algumas lampreias contentam-
se com esse buraco para desovar; porém ou
tras parecem necessitar de um modo mais com
plicado.
Carregam e amontoam pedras com as quaes
constroem uma especie de gruta. As pedras pe
quenas são levadas pela bocea e pousadas
uma a uma no monte. Mas a lampreia não se
satisfaz com um ninho feito somente de pedras
pequenas, também se compraz edificar o seu
lar com material mais consistente e volumoso,
e ahi é que poderiamos sentir admiração se
não soubéssemos quanto se parece com a in
teligencia um instincto secular hereditario.
A lampreia possueuma bocea extraordinaria,
larga, redonda e elástica. Por meio delia póde
agarrar
q ualquer
objecto, e
ajudada
apenas pe
ia corren-
t e z a da
agua, carre
ga pedras
de peso
g ran d e,
despropor-
cio nadas
ao seu ta
manho. A
h abitação
da lam
preia é ef-
f e c t i v a-
mente fei
ta em geral
com pe-
d r a s de
grande vo
lume, cujo
tra nsporte
é feito de
modo en-
genhosis-
slmo.
Em pri
meiro lu-
garellavae
buscar as
ditas pe
dras « rio
'acima», de
modo que
, a corren
teza da agua collabora no transporte em vez
de o difficultar.
Nunca se verá uma lampreia buscar os seus
materiaes de consírucção abaixo do seu proje-
ctado ninho ou de sua casa em construcção,
porque teria que lutar contra a corrente.
Algumas pedras sendo demasiado grandes
para serem carregadas sem interrupção, são
arrancadas e carregadas a intervallos, ora
empurradas, ora arrastadas com o auxilio da
corrente.
Porém o facto mais notável concernente á
construcção do lar da lampreia consiste no
auxilio mutuo que se prestam umas ás outras.
Se uma lampreia não póde arrastar uma
pedra, um par delias a arrastarão de collabo-
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O ninho da lampreia.