PELO MUNDO...
elles continuaram seu caminho seguidos pelas
ondas dos Mormonts. Chegaram, .emfiru, a
um grande carro de dimensões extraordi
narias e cuja elegancia e riqueza interiores
eram notáveis. Puxavam-n’o seis cavallos, em-
quanto que os outros só tinham atrelados
dois, o máximo quatro. Ao lado do conductor
estava sentado um homem que não devia ter
mais de trinta annos de edade. Comtudo sua
expressão continua de commando, revelavam
bem que elle era o chefe. Vendo o grupo
avançar para elle, depoz um livro encader
nado em côiro escuro, que ia para lêr nesse
UMA LINDA BORBOLETA
-'v,« Dorothy Dilley, na “Music Box Revue”
momento, e passou a ouvir a narrativa que
lhe fizeram do episodio. Depois, voltou-se
para os dois desencaminhados.
S e nós vos tomarmos comnosco, disse
elle em tom solemne, só póde ser a titulo de
verdadeiros crentes, fieis ’á nossa fé. Não que
remos lobos em nosso rebanho. Seria melhor
para vós que os vossos ossos ficassem neste
deserto, a embranquecer, do que ser o fruto
estragado que pouco a pouco corrompe todos
os do balaio. Acceitaes essa condição para
vrr comnosco ?
— Oh! Bem sabeis, isto é, deveis pensar,
pelo menos, que eu acceitaria, para isso, não
importa^ o quê, exclamou Ferrier com tanta
convicção, que os mais velhos mesmo, ape-
zar de toda a sua gravidade, não puderam
conter um sorriso. So o chefe conservou seu
ar grave e severo.
Tomae conta delle, irmão Stangerson,
disse o chefe.- Dae-lhe de comer' e de beber,
assim como á creança, e ensinae-lhe depois
nossas crenças.
Agora partamos, partamos para Sion.
- Vamos, vamos para Sion! uivou a mul-
tidão dos Mormçns, e essas palavras, repetidas
de boca em bôea pela longa caravana, for
maram um murmurio semelhante ao das va
gas, a enfraquecer, a enfraquecer até se ex
tinguir lá ao longe. O chiar das rodas dos
carros, o estalar dos chicotes se fizeram ouvir
de novo e toda aquella multidão se tornou
a por em marcha, desenrolando sempre, como
serpente immensa, seus aneis na planicie. O
velho, a quem os dois pobres viajantes ha
viam sido confiados, conduziu-os ao seu carro,
ontje já fôra preparada uma refeição para
elleáv
- - Ficafeis installados aqui, falou. Em al
guns dias vos reporeis de vossas fadigas e,
emquanto esperaes, recordae-vos que, agora
e para sempre, partilhaes da nossa fé. Brigham
Young foi quem o disse e elle falou pela
voz de. Joseph Smith que é a Voz de Deus !
CAPITULO XI
A. .flor d© Utah
Não nos propomos, recordar agora as pro
vas e as privações supportadas . pelos Mor-
rnons no decorrer de sua marcha de emigra
ção antes de attingir, emfim, o porto. Das
margens do Mississipi até aos declives das
montanhas rochosas, tinham lutado com uma
coragem de que a historia nos offerece pou
cos exemplos. Graçãs a essa' tenacidade, pró
pria da raça anglo-saxonica, supportaram, ho
mens e animaejs, fome e sede, cansaço . e en
fermidades, todos os obstáculos, numa pa
lavra, que a naturezá parecia amontoar no
seu caminho. Comtudo, a viagem, os perigos
renovados sem cessar, tinham abalado os co
rações menos vacillantes. Também, todos cai-
ram ^de joelhos, no fervor de uma vehemente
oração, quando viram estender-se a seus pés,
todo inundado de sol esse immenso valle
de Utah, que seu chefe designou como sendo
a terra promettida e cujo solo-virgem ia tor
nar-se seu para sempre.
Young bem cedo provou que era tão bom
administrador como chefe resoluto. Mappas e
planos foram logo desenhados, o local da
nova cidade escolhido, os lotes de terreno
em volta ^ medidos e repartidos proporcio
nalmente á classe de cada um. No campo,
levantaram-se cercas, desmoitou-se, semeou-se,
e de tal modo que, no verão seguinte, toda
a região sé viu doirada pór searas amarel-
lecidas. Tudo prosperava nessa estranha co
lonia. Mas, antes de tudo, o grande templo,
de que se . haviam lançado os alicerces no
centro da cidade, crescia dia a dia, cada vez
mais. Desde as primeiras horas do dia até á
noite, não cessavam o bater do martello e
o ranger dos serrotes a volta do monumento
que os emigrantes elevavam á gloria d’A-
quelle que os tinha feito atravessar, sãos e
salvos, tão grandes perigos.
(Continua na pagina 111)