Full text: 3.1924=Nr. 8 (1924000308)

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PELO MUNDO... 
— Obrigada, Blake. Fizeste muito bem de 
me informar sobre isto. 
Depois ella subiu ao seu quarto onde Be- 
eston, a sua camareira, estava á sua espera. 
Minutos depois das quatro apresentou-se a 
senhorita Mitcheson, e conduzi-a á sala onde 
a senhora a esperava. Então, com a curiosi 
dade, que espero o leitor me perdoará, pois 
havia recebido certas ordens do Sr. Adams, 
approximei-me da porta que, de proposito, 
havia deixado entreaberta, e applicando o ou 
vido, escutei. A voz da senhora resoava bas 
tante claramente. 
— Não, a menos que a senhorita e seus 
amigos me tragam a quantia que eu indi 
carei, amanhã antes de anoitecer. Estou can- 
çada dessas questões. Não se portaram de 
vidamente. Elle fez o trato e seguramente 
tenciona cumpril-o. 
— Porém, eu supplico-lhe, imploro-lhe, 
senhora Hagelthorn que tenha compaixão de 
Dick I exclamava a moça acabrunhada. Eu... 
eu... e pareceu desatar em soluços. 
— E’ uma tolice chorar, disse a minha 
commovem. Não se comportam como devem, 
patroa duramente. As suas lagrimas não me 
— Nem também a senhora, replicou a moça 
promptamente, contendo as lagrimas. 
— Isto é commigo, resmungou a (minha pa 
troa. 
— A senhora fez cair Dick numa embos 
cada, affirmou a moça. Elle não o sus 
peita, mas eu, sim, suspeito, mais _ do que 
a senhora pensa. Dick jamais imaginou que 
o Sr. Brambley havia travado amizade com 
elle para um fim... para apresental-o a si! 
— Como ? que quer dizer ? exclamou a se 
nhora em voz alta, indignada. Não per- 
mitto que me insulte deste modo. Disse-lhe 
que se me trouxer o dinheiro... ou a outra 
garantia... amanhã á tarde, não tomarei me 
didas. 
— Porém, Dick não tem o dinheiro ! ex 
clamou a moça desesperada. Não o pode 
rá obter I 
— Já lhe disse o que quero, respondeu a 
senhora com voz firme e decidida. 
— Mas pense... pense no que resultará pa 
ra nós I gritou a moça desvairada. 
— E' inútil continuarmos a discutir o as 
sumpto. Talvez o melhor será procurar o 
meu sobrinho na sua casa da rua Half Moon 
logo á noite. Diga-lhe que esteja lá ás oito 
horas. 
Ouvi os seus passos na sala para tocar 
o tympano. 
Esperei uns instantes para attender ao seu 
chamado e depois acompanhei a moça até 
fóra de casa. Em caminho trocámos alguna 
significativos olhares. A rêde estava bem 
estendida. 
A conversa não me saiu do espirito toda 
a tarde. Brambley chegou meia hora de 
pois e durante muito tempo ficou com a tia 
na bibliotheca. 
A senhora avisou-me que só receberia o 
Sr. Lmdbeck que chegou ás seis horas e 
meia para falar com ella e com o sobrinho. 
A’ saida, meia hora depois, elle disse á mi 
nha patroa: 
— Voltarei amanhã e talvez a senhora te 
nha mais alguma coisa para contar-me. 
— Espero que sim, disse ella rindo. 
— Blake, esta noite, janto fóra e não vol 
tarei senão depois do theatro. Se alguém 
perguntar por mim... digas que de novo se 
gui para Brightan e que não sabes quando 
regressarei. 
Está claro que é preciso seres discreto. Fi 
zeste muito bem avisar-me sobre a moça in 
solente. 
O facto da senhora jantar fóra essa tarde 
me fez tomar o partido de ir observar a 
casa de Brambley para assistir á chegada 
do amigo da senhorita Mitcheson. 
Cheguei á esquina de Piccadilly com Half 
Moon ás oito horas menos um quarto. A’s 
oito horas menos cinco vi chegar Brambley, 
e dez minutos depois um cavalheiro de trinta 
annos, mais ou menos, que dobrou a es 
quina de Piccadilly e cruzou. commigo mur 
murando umas palavras de saudação, parando 
deante da casa onde morava Brambley e 
tocando a campainha. Era o Sr. Sheil Adams. 
Elle era o «Dick» a quem a senhorita 
Mitcheson se havia referido na desesperada 
supplica. 
O que aconteceu na casa de Brambley na° 
sei. Esperei pacientemente que saisse o visi 
tante, coisa que só succedeu meia hora de 
pois e notei nos seus olhos uma expressão de 
firme resolução. 
Dobrou em Piccadilly Circus e eu o se 
gui. Entrou num grande café á extremidade 
de Piccadilly onde a sua noiva o esperava 
com impaciencia. Trocaram algumas palavras 
e a senhorita Mitcheson saiu seguida P or 
seu companheiro. 
O par caminhou pela rua Com'pton e en 
trou num restaurante onde me reuni a eH eS 
e estivemos conversando algum tempo. App a ‘ 
rentemente tudo ia bem. 
Quando a senhora voltou para casa, e 
já lá estava para abrir a porta. 
— O meu sobrinho não telephonou ? foi 
sua primeira pergunta á qual respeitosaineiu 
respondi que não. 
— Ninguém perguntou por mim ? 
— Ninguém, minha senhora. ¿ 
Pareceu socegar, e entregando a capa 
sua camareira, subiu para o quarto. 
Justamente ao cair da tarde, no dia s 
guinte, resoou a campainha da porta, e 
novo me achei deante da senhorita Mitd 1 
son. . n 
—- A senhora Hagelthorn foi para Brighto » 
disse eu, cumprindo a ordem da patrôa. 
Ella sorriu maliciosamente. , 0 
— Obrigada, respondeu a moça. Quan 
ella regressar á casa, diga-lhe que não vo 
tarei mais a visital-a. , 
Virou-se bruscamente e desceu a escao 
ria. 
No mesmo instante fui informar a senho^j 
Estava ella escrevendo uma carta. As 
brancelhas franziram-se-lhe e notei que 
faces impallideciam. 
— Está bem, Blake, disse ella em respo 5 
está bem. 
Mas eu vi que não estava bem... 
Meia hora depois, abri a porta para , , 
entrada a Brambley acompanhado de Li 
beck e os tres tiveram uma prolongada c £ 
versa na sala. Logo se tornou calorosa 
ouvi perfeitamente Lindbeck chamar de es 
pida a minha patrôa.
	        
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