Full text: 3.1924=Nr. 9 (1924000309)

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PELO MUNDO. 
UM CAPITULO DE IRACEMA 
1 
f 
4 O % — w 
XX 
O gallo da campina ergue a poupa escarlate fóra 
do ninho. 
Seu límpido trinado annuncia a approximaçâo do dia. 
Ainda a sombra cobre a terra. Já o povo selvagem 
colhe as rêdes na grande taba e caminha para o banho. 
O velho pagé que velou toda a noite, falando ás estrel 
las, conjurando os máos espiritos das trevas, entra 
furtivamente na cabana. 
Eis, retróa o boré pela amplidão do valle 
Travam das armas os rápidos gueireiros, e correm 
ao campo. 
Quando foram ♦ ♦♦ 
todos na vasta 
ocára circular, 
Irapuam, o 
chefe, soltou o 
grito de guerra. 
— Tupan 
deu á grande 
nação tabajara 
toda esta terra. 
;Nós guarda 
mos as serras, 
d'onde manam 
os corr e g o s, 
com os frescos 
ipús onde eres- 
ce a maniva e 
o algodão ; e 
abandonam o s 
ao bárbaro po- 
tyguara, come 
dor de cama 
rão, as sereias 
nuas do mar, 
com os séceos 
ta bolei ros sem 
agua e sem fio- 
testas. Agora 
os pescadores 
da praia, sem 
pre vencidos, 
deixam vir p«elo 
mar a raça 
branca dos 
guerreiros de 
fogo, inimigos 
de Tupan. Já 
os emboabas 
estiveram no 
Jaguaribe ; lo 
go estarão em 
nossos cam 
pos ; e com 
elles os poty- 
guaras. Fare 
mos nós senho 
res das aldeias, 
como a pomba, 
que se encolhe 
no seu ninho, 
quando a ser 
pente se enros 
ca pelos ga 
lhos ? 
O irado chefe 
meio do campo. 
:dade feui 
e calcou no chão, com o pé agil ainda e firme. 
Pasma o povo tabajara da acção desusada. Voto de 
paz em tão provado e impetuoso guerreiro ! E' o velho 
heróe, que cresceu na sanha, crescendo nos annos, e o 
feroz Andira, quem derrubou o tacape, nuncio da 
próxima lucta? 
Incertos todos e mudos escutam 
— Andira, o velho Andira, bebeu mais sangue na 
guerra do que já beberam t auim nas festas de Tupan 
todos quantos guerreiros alumia agora a luz de seus 
olhos. Elle viu 
♦ mais combates 
em sua vida do 
que lúas l“ e 
d e s pir am a 
fronte. Quanto 
cráneo de pO" 
tyguara escal- 
pellou sua ma° 
i m p 1 acaveh 
antes que 0 
tempo lhe ar 
rancasse o P rl ' 
meiro cabello- 
E o velho An- 
dirá nunca te- 
/ 
X 
-X 
Irapuam, a 
O pequeno aproveitador 
brande o tacape e o arremessa ao 
Derrabando a fronte, cobre o rúbido olhar ■ 
— Irapuam falou ; disse. O mais moço dos guer 
reiros avança : — O gavião paira nos ares. Quando a 
nambú levanta, elle cae das nuvens e rasga as entranhas 
da victima. 
O guerreiro tabajara, filho da serra, é como o gavião. 
Tróa e retrôa a pocema da guerra. 
O joven guerreiro erguera o tacape ; e por sua vez 
o brandiu. Girando no ar, rapidâ e ameaçadora, a 
arma do chefe passou de mão em mão. 
O velho Andira, irmão do pagé, a deixou tombar 
vin- 
da‘dos emboa' 
bas e deixa q«e 
cheguem todos 
aos nosso* 
campos. Entã 
Andira te P r ° 
mette o ba” 
quete da victo 
ria. 
Desabr'” 
emfim Irapuam 
a funda colera- 
_ Fica tu, 
escondido e” 
tre os igaçaba 
de vinho, 
velho morcego, porque temes a luz do dia e s° b 
o sangue da victima que dorme. q 
Irapuam leva a guerra no punho.de seu tacape-, 
terror que elle inspira vôa com o rouco s m do bo ¡ s 
O potyguara já tremeu ouvindo-o rugir na serra, tn 
forte que o ribombo d) mar. 
José de Alencar- 
meu que 
o ini 
migo pisasse a 
terra de seus 
paes mas ale 
grava-se quan 
do elle vinha, 
e sentia com 0 
faro da guerra 
a juventude re 
nascer no cor 
po decrepito^ 
como a arvore 
secca renasc 
com o sopro d 
inverno. A na 
ção tabajara 
prudente. EU» 
deve encostar 
tacape da luc 
para tanger o 
memby da t e ’ 
ta. Celebra 
Entre os operários que trabalham nas salinas ( s gS , 
neiros), nunca se declara o cholera, a varióla, a 
carlatina, nem sequer mesmo uma simples gnpP e -
	        
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