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PELO MUNDO...
DA IRONIA
Urna tarde de verão caminhavam ao acaso
P°r um campo ralo da provincia de Tu-
Jühy urn matreiro rapozo e um casquilho
av estruz. Eram compadres pelo baptismo de
Um . falcão preguiçoso e aventureiro, pérfido
e , jngrato. Regressavam depois de haverem
ado ura passeio ao crepúsculo por seus
onunios na comarca. A serenidade da tarde
?, a ausencia de possíveis ameaças suggenu-
nes diversos assumptos para conversa ani-
rnac f a - Falaram sobre o tempo, conjecturas
sociaes, corre
is nas mattas
e as próximas
aventuras don
juanescas. Am
uos excitavam
a „ SUa imagina-
Çuo com o des-
j i 0 illusorio
e seus praze-
^ es > a passivi-
uade deante de
qualquer peri-
e o talen-
0 persphaz
Para inutilisar
♦O
oo oo
as
emboscadas
*? a , inveja, da
Maldade e da
^ugança. '
O céo enevo-
a-se lenta-
^ente e ao lon.
§ e um arrebol
e sangue cha-
j ° u u atterçãc
seip ale & res pus-
r Demo.
t P ai ? e m con-
al-
1 oi tempo, e
senf ° de P°is,
c3 m Premedi a-
o* 0 telepathica,
inte?/ 1 - 2
0 ® rr °g°U
Uheiro C T pa ‘
d °-lhe’ : dlCn -
c 0r ? * S a - m e ,
fa « a padre \ q ue
"" se
*
você
♦o=
Uesta
tão r a « mplaa
r- a nos a P Parecessem uns cães ?
fiante ’ res P on deu o rapôzo sorridente e con-
Co m „ ’ tre Pana á primeira arvore que en-
r ass e. E você?
o av o! respondeu com olympica jactancia
Pois Struz >' eu - não preciso desses recursos,
de, d C °oi uns dez coucesinhos que lhes man
de eix o-os mortos de cansaço e sem animo
M al e Perseguirem mais.
das Q aca P>avam de falar e rir ás gargalha-
bia o aa , ndo viram apparecer, de não se sa-
a latif e ’ Uma matilha de cães de pastor
= ‘re Veu ern q ue o diabo os houvesse mandado,
' sp a murmurar o rapozo, ao passo
A ffSSIMJSTA
— O O
que se punha em carreira desenfreada.
Os cães, inimigos implacáveis das rapozas,
puzeram-se primeiro no seu encalço. Mas
este, com a sua assombrosa agilidade e fortes
garras, trepou por uma arvore acima rapi
damente, frustando assim a avidez sanguina
ria e terrível dos cães.
Vendo elles a impossibilidade de lhes dar
caçada, voltaram-se para o avestruz que pa
rando na carreira olhava de longe para elles
morto de gargalhadas pela esfrega do amigo.
Ameaçado por
~ 04 ingrata surpre-
za, o avestruz
deitou a correr
immediatamente.
As suas com
pridas canellas
eram insuffici-
entes para ga
nhar distancias.
Em breve os
cães se foram
approximando
cada vez mais,
até lhe esfola
rem os calca
nhares, e ven
do-o então nes
ses apuros mor-
taes, o rapozo
gritou-lhe d a
arvore:
— Então, com
padre arrogan
te, e os dez cou-
cednhos ? ainda
não deste ne
nhum.
Ao ouvir a
injuria irônica
do velho com
panheiro, o aves
truz r spondeu-
lhe gaguejando,
ao passo que
se sumia ao
longe, levantan
do uma escura
nuvem de poei
ra :
— Deixa-me,
compadre • com
o susto não me
lembrei de dar nenhum.
Deante do facto da justiça indígena, na-
quella tarde estival, o dom Juan das Serras
embriagou o seu espirito com o verdadeiro
sabor da ironia, soltando ao vento uma so
nora gargalhada.
♦o=
DESSES NÁO HA!
— Este livro ensina, minha senhora, como conservar
o marido. E’ uma obra maravilhosa.
— Oh ! Ha quinze annos que o conservo. Eu preciso
é dum livro que o ensine a trabalhar. . . e a conser -
var-me a mim.