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PELO MUNDO...
a rrunha tolice. A caixeira da loja estava
ali á espera e eu, recostando-me na cadeira,
comecei a sentir-me cada vez mais envergo
nhada. Ao mesmo tempo, experimentava uma
especie de desillusão, pois devo dizer que
o roubo da companhia, parecendo-me um rasgo
de heroismo, despertava em mim urna secreta
sympathia. Só mais tarde vim a saber quem
era o autor do desfalque, um tal Mr. Quest,
lanzudo e embirrante. Era desses santarrões
que arrotam virtude, sempre de livros de
reza debaixo do braço.
De todas as contradictorias emoções, que
agitavam o coração de Carol, havia uma,
porém, que a assustava: — já não poder
restituir as pérolas. Conhecia Hirsh suffi-
cientemente para saber que o homem não
as largaria pelo mesmo preço. Que expli
cação daria áquelle Mr. Rayner de olhos
tão bellos ? Seria preciso ter de dizer-lhe
que o chegara a considerar gatuno ?
Tão aborrecida se sentia comsigo mesma
que começou a falar asperamente ao com
panheiro de mesa. Não sei como foi isto;
commetti um erro ridiculo, disse ella, mas
não faz mal. Ha uma coisa, entretanto, que
quero perguntar-lhe. Foi o senhor... isto é,
trata-se duma caixa que me trouxe um men
sageiro, ha quinze dias. O senhor não sabe,
por acaso, quem a mandou ?
Ao menos, nesse ponto não se enganara.
A confusão delle e o olhar supplicante que
lhe lançou bastaram para confirmar as suas
supposições.
— Eu explico, começou ellie.
—• Acho bom, replicou ella acremente, ten
tando esquecer que estava sentada em cima
do magnifico presente do poeta.
— Sempre detestei o escriptorio, continuou
William, approximando-se mais. Não tinha lá
nenhum amigo e além disso sempre fui soli
tario e retraido. Não havia ninguém com
quem pudesse falar sobre litteratura, assumpto
que me interessa, pois já publiquei nas re
vistas, sob pseudonymo, alguns poemas e
contos. O engraçado é que quando recebi
o dinheiro, ha dois mezes...
— Que dinheiro ? exclamou Carol.
— Meu avô deixou-me 100.000 libras. Nunca
esperei tal coisa, pois, em toda a minha
vida, só o vi duas vezes. Esse dinheiro deu-
me a liberdade e a esperança de realizar
todos os meus sonhos e, por isso, preparava-
me já para abandonar a F. T. C., e sem
dizer a ninguém o que se passara, quando
a vi, pela primeira vez. Ha tres anuos que
trabalhavamos juntos sem nos conhecermos
e se não fosse o acaso de entrar naquella
casa de chá...
— E’ verdade, confirmou Carol escondendo
a custo a sua crescente emoção.
— Sel que fui inconveniente, continuou Wil
liam, principalmente quando a segui até á
outra loja de chá, mas não pude resistir.
Tão importuno me tornei, que a senhorita
se aborreceu e só então comprehendi o meu
ridiculo papel. Resolvi, por isso, trabalhar
e fazer alguma coisa que me elevasse, tor
nando-me digno da senhorita. Pensei em es
crever um livro e mandar-lh’o depois, com
dedicatoria, dizendo tudo o que sentia, mas
não tive paciencia para esperar tanto e tnan-
dei então as pérolas, como expressão dos
meus sentimentos, e crente de que não me
julgaria mais um simples basbaque incap
de fazer alguma coisa. O livro comecei mg
a escrevel-o, mas esta manhã tive a u
pressão He não poder passar mais um “
sem a ver e por isso vim. Fiz mal ?
— Fez, —• respondeu Carol promptameaj--
No entanto, cada vez se convencia m
de que o poeta precisava de alguém <l ue ,.
amparasse; só ella se julgava com esse
reito. Era necessário, porém, dizer-lhe a ve
dade.
— Não faça caso, — disse Carol, brus ^
mente, mas tenho uma historia para lhe co^_
tar. Àlguem falsificou os livros da F. d. ’
e eu pensei que fosse o senhor para comp
as pérolas. disse
— Não tut eu, mas era muito capaz, u
elle.
— Oh ! — exclamou Carol.
William sorriu e encarou com ella. ^
— Por causa dessas pérolas que lhe man
matava até o presidente da companhia. ^
— Pois eu fiz coisa peor, disse Carol. ve ^
hoje as pérolas, pensando que o senhor P ^
cisasse de fugir. Estou sentada em cima
dinheiro. . 0
— Oh! Que bella acção 1 — suspi r0
poeta em extase... . gra
Carol já estava muito atrazada na
de voltar ao escriptorio, mas nem se
brava de tal coisa. toU
Dahi 'a vinte minutos, William P^^.-rjcil»
como vendera o collar. «Olhe que é dit
— explicou. -ntori 0
— No outro dia levei-o para o escnp
e um cliente da F. T. C. offereceu
libras por elle, a qualquer hora que eu 4
zesse e sem fazer perguntas mdiscre
William Rayner teve um movimento ue .
presa. «Que coragem!» — comnientou
casticamente. _ j 0 go
Foi Mr. Hirsh, principiou Carol, ¡a-
interrompida por uma gargalhada do seu
panheiro. foi
— Que bicho! — exclamou o P°® ta " p 0 r
elle mesmo que me vendeu o eolia
1.500 libras! p geta
Uma hora depois, Carol e o se u -^taí
saiam da casa de chá dispostos a. ° n . n o
iuntos as miserias do mundo e deixa
juntos as miserias do mundo e -
logar onde a moça se sentara uma bo1® rr a.
tendo 500 libras do Banco da Ing
/. D. Beresjor^
O serviço florestal dos Estados Unido or g a n¡ zaf
cargo de "engenheiro de diversões’’ P ara ue s%°
diversões publicas nos parques nacionaes, ^ e ¡ 0 ae
visitados annualmente por cinco milhões
turistas.
o . j e ¿oC eS
Devido, ao que parece, á carencia as
na Inglaterra depois da ultima
creanças possuem, agora, nesse P al
dentadura.
0 m cerca de
Do imperio do Japão fazem parte
quatro mil pequenas ilhas.
o ^ na de
Em cada atino morrem na Europ
berculose, cem mil individuos em ^
Entre os operarios que trabalham d a qU a
nas não se declarou nunca o cote
varíola, escarlatina nem grippe-