PELO MUNDO...
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Em urna das provincias mais formosas da
Andaluzia, e na encosta de uma collina que
ouve o sussurrar do Guadalquivir, encontra-se,
branca como a neve, uma pequena povoação
de quatrocentas, almas, rodeada de hortas pin
torescas.. Dominando as suas ruas estreitas,
tortuosas e limpas, destaça-se no céo, como se
pretendesse fural-o com a sua ponta aguda
uma esbelta torre de campanario, mais br inca
0 mais risonha, se possivel, do que toda a
povoação. Por baixo do campanario via-se
um terraço ou adro de uns quatro metros
quadrádos que forma parte de um telheiro
em que termina urna casa modesta, contigua
á egreja, cujas janellas são guarnecidas com
jardineiras repletas de geraniuns, de dahlias
e de magnolias. Aquella casa respira paz e
sympathia por todas as suas frestas, e ao
passar deante della os habitantes da aldeia
parecia que a saudavam com esse carinho
misturado de respeito que inspira urna coisa
sacrosanta e conhecida, com essa alegría sim
ples que produz em todo o coração nóbre
a presença de alguma coisa sã, leal e ho
nesta.
Mas quando a sympathia era maior aínda,
transformando-se até em admiração, era quan
do o morador della sala de casa; era elle
Um homem forte, de physionomia 'bonachona,
que contrastava com o olhar firme e pene
trante dos seus grandes olhos garços; o rost ’
curtido pelo sol, e as mãos ásperas e c °
bertas de pellos-, mostravam bem claramcn
que a sua vida não se tinha passado na
ciedade, e os seus modos bruscos, apezar
affectuosos, vinham corroborar a opinião Q
pelo seu physico se tinha feito. A sua roup
era sempre a mesma ; batina muito. sln ^
pies, grande chapéu de feltro, grossos s
.patos com grandes fivelas de aço brilha 11
Tal era D. Salvador, o cura da aldeia-
No moral, tiriha uma intelligencia clara, 1
golpe de vista admiravel para conhecer ^
que tihha deante de si, e um coração no
e generoso, sempre prompto para soCC ° t ! jC lo
com prazer todas as desgraças, a evitar ã 1
transe desgostos no futuro dos seus
chianos. A sua illustração reduzia-se a
mortal obra que basta para illustrar utn
mem: D. Qiuchote. ¡ e j a
Quando D. Salvador accendia a sua can ^
ñas nones de invernó, e saboreando a g
o resto da suja e pegajosa ponta do cl ®Í] a r
da sobremesa, agarrava o encebado ex ^rl 0 a.
da sua edição de Pans, annotada por c ¿ 0 t
que não trocarla nem pelo proprio imp er ‘j oS .
da China; lia com avidez as passagens c e
saes do grande livro, tantas vezes relida > qU
sempre encontrava algum encanto novo ^
algum pensamento bello, escondido P ara