PELO MUNDO...
O JOGO DAS ARGOLINHAS
Seguiu-se o jogo das argolinhas.
Tinham passado um torçal de séda, que,
prendendo-se ao tecto agudo das tendas, di
vidía a meio a estacada • no centro, presos
por fio de retroz, pendiam vinte anneis de
ouro, que balouçavam com o sopro da ara
gem; os ralos do sol no occaso, tremulando
sobre as argolinhas, ainda as tornavam mais
vacillantes ao olhar.
As duas alas de cavalleiros, empunhando
lanças multo mais longas e maneiras que
as de combate,
a 11 n h a ram>-se ===============
em suas primei
ras posições,
uma á direita,
outra á esquer. ?
da; ao som da
musica deviam
partir ambas á
rédea solta, e
dando n eia vol
ta á teia, um-
rem-se na en
trada da liça,
afim de corre
rem direito a
argolmha con
tra o pavilhão
co go.ercador.
Assim tinham
os cavalleiros de
passar successi-
vamente dois a
dois, um da
ala azui, outro
da ala escarla
te ; afastando-
se depois, cir
culariam tíe no
vo a teia, con
tinuando sem
interrupção o jo
go, que só ter
minaria tirado
o ultimo armei.
De todos os
jogos era talvez
o mais aprecia
do dos mance
bos gentis e na-,
morados; por
que, além do
preço de ligei- Col leem
reza e agilida
de, tinham o direito de offerecer as argoli
nhas que enfiassem com a ponta da lança a
qualquer das damas presentes, que em re
tribuição da galantería os prendavam com
dixes e mimos.
A musica tocou uma marcha rapida; a ca
valhada partiu.
Os primeiros cavalleiros eram Chrastovão
de Avila e Fernando de Athayde, par a par;
seguiam-se logo Estado e D. José de .Aguilar;
vinha após o resto dos campeões.
Chnstovão enfiou a primeira argolmha e
passou; mas, em vez de offerecel-a, guardou,
como já tinha feito com’ o bracelete que rece
bera em preço; Fernando de Athayde e D.
José nem roçaram os armeis. Estacio atirou
a lança por cima do cordal, e foi apanhal-a no
ar muitos passos além.
— E’ altivo aquelle mancebo! disse o go
vernador. Como lhe negaram o primeiro preço,
desdenha os mais.
— E no seu caso, o senhor governador não
faria o mesmo ? replicou Inezita.
— Talvez! respondeu o fidalgo sorrindo.
A corrida continuára; só restava uma argo-
llnfaa; as outras tinham sido tiradas,^ muitas
por Chnstovão, algumas por D. José e ou
tros cavalleiros; Fernando não conseguiría en
fiar uma só.
Estado esta"
■ va satisfeito e
contente, como
se tivera ganho
todos os prerr.i"
os; para elle, a
granee recom
pensa não eram,
nem as j oias da
das pelos jui
zes, nem os ap-
plausos do po
vo, era a humi
lhação de seu
rival diante d e
Inezita; essa ti
nha-a já conse-'
guido de uma
mane ra estron
dosa.
Restava, po
rém, uma argo
lmha ; Christo-
vão falhou-a, e
Fernando, q ue
moderara o ga
lope do cavaílo,
ia com a lan
ça direito en-
flal-a; perceben
do isto, o san
gue affluiu a°
coração de Es
tacio ; pareceu;
lhe que via ja
o cavalleiro of-
ferecendo o an
nel a Irezita e
reiebendo enl
troca uma pren
da.
O imoço picod
as esporas
— flancos c o no^
bre corcel, que saltou, e, alongando-se com
uma flexa, devorou o espaço. a
No momento em que Athayde ia tocar
argolmha, o cavalleiro passou envolto em u
nuvem de poeira. Foi como uma aguia q
voasse, arrebatando a presa no bico adunco.
A celeuma do povo saudou esse admiravel
forço de agilidade.
m *** '
São notáveis as fãs e os sapos pela ag u
ao seu ouvido.
* * *
Alguns naturalistas asseguram que uma
dorinha devora 6.000 moscas por dia.
Moore