Full text: 3.1925=Nr. 12 (1925000312)

PELO MUNDO... 
O JOGO DAS ARGOLINHAS 
Seguiu-se o jogo das argolinhas. 
Tinham passado um torçal de séda, que, 
prendendo-se ao tecto agudo das tendas, di 
vidía a meio a estacada • no centro, presos 
por fio de retroz, pendiam vinte anneis de 
ouro, que balouçavam com o sopro da ara 
gem; os ralos do sol no occaso, tremulando 
sobre as argolinhas, ainda as tornavam mais 
vacillantes ao olhar. 
As duas alas de cavalleiros, empunhando 
lanças multo mais longas e maneiras que 
as de combate, 
a 11 n h a ram>-se =============== 
em suas primei 
ras posições, 
uma á direita, 
outra á esquer. ? 
da; ao som da 
musica deviam 
partir ambas á 
rédea solta, e 
dando n eia vol 
ta á teia, um- 
rem-se na en 
trada da liça, 
afim de corre 
rem direito a 
argolmha con 
tra o pavilhão 
co go.ercador. 
Assim tinham 
os cavalleiros de 
passar successi- 
vamente dois a 
dois, um da 
ala azui, outro 
da ala escarla 
te ; afastando- 
se depois, cir 
culariam tíe no 
vo a teia, con 
tinuando sem 
interrupção o jo 
go, que só ter 
minaria tirado 
o ultimo armei. 
De todos os 
jogos era talvez 
o mais aprecia 
do dos mance 
bos gentis e na-, 
morados; por 
que, além do 
preço de ligei- Col leem 
reza e agilida 
de, tinham o direito de offerecer as argoli 
nhas que enfiassem com a ponta da lança a 
qualquer das damas presentes, que em re 
tribuição da galantería os prendavam com 
dixes e mimos. 
A musica tocou uma marcha rapida; a ca 
valhada partiu. 
Os primeiros cavalleiros eram Chrastovão 
de Avila e Fernando de Athayde, par a par; 
seguiam-se logo Estado e D. José de .Aguilar; 
vinha após o resto dos campeões. 
Chnstovão enfiou a primeira argolmha e 
passou; mas, em vez de offerecel-a, guardou, 
como já tinha feito com’ o bracelete que rece 
bera em preço; Fernando de Athayde e D. 
José nem roçaram os armeis. Estacio atirou 
a lança por cima do cordal, e foi apanhal-a no 
ar muitos passos além. 
— E’ altivo aquelle mancebo! disse o go 
vernador. Como lhe negaram o primeiro preço, 
desdenha os mais. 
— E no seu caso, o senhor governador não 
faria o mesmo ? replicou Inezita. 
— Talvez! respondeu o fidalgo sorrindo. 
A corrida continuára; só restava uma argo- 
llnfaa; as outras tinham sido tiradas,^ muitas 
por Chnstovão, algumas por D. José e ou 
tros cavalleiros; Fernando não conseguiría en 
fiar uma só. 
Estado esta" 
■ va satisfeito e 
contente, como 
se tivera ganho 
todos os prerr.i" 
os; para elle, a 
granee recom 
pensa não eram, 
nem as j oias da 
das pelos jui 
zes, nem os ap- 
plausos do po 
vo, era a humi 
lhação de seu 
rival diante d e 
Inezita; essa ti 
nha-a já conse-' 
guido de uma 
mane ra estron 
dosa. 
Restava, po 
rém, uma argo 
lmha ; Christo- 
vão falhou-a, e 
Fernando, q ue 
moderara o ga 
lope do cavaílo, 
ia com a lan 
ça direito en- 
flal-a; perceben 
do isto, o san 
gue affluiu a° 
coração de Es 
tacio ; pareceu; 
lhe que via ja 
o cavalleiro of- 
ferecendo o an 
nel a Irezita e 
reiebendo enl 
troca uma pren 
da. 
O imoço picod 
as esporas 
— flancos c o no^ 
bre corcel, que saltou, e, alongando-se com 
uma flexa, devorou o espaço. a 
No momento em que Athayde ia tocar 
argolmha, o cavalleiro passou envolto em u 
nuvem de poeira. Foi como uma aguia q 
voasse, arrebatando a presa no bico adunco. 
A celeuma do povo saudou esse admiravel 
forço de agilidade. 
m *** ' 
São notáveis as fãs e os sapos pela ag u 
ao seu ouvido. 
* * * 
Alguns naturalistas asseguram que uma 
dorinha devora 6.000 moscas por dia. 
Moore
	        
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