- 79 =
PELO MUNDO...
~ PORTUGAL ARTISTICO, PITTORESCO E MONUMENTAL ZZ
o-o-o Eira e adega no Alentejo coo |
v— ✓
A eira onde se bate o grãpt e a adega onde
se guarda o vinho apparece hoje nesta secção,
dando-nos urn dos mais interessantes aspectos
n;i vida alentejana.
As photographias que publicamos dão-nos
uma visão nítida do povo trabalhador a la-
Utar na eira sob os raios ardentes do sol e
da luminosa transparencia do estío; e da fres
ca adega de talhas colossaes, cheia de si
endo e sombra, e onde o vmho fermenta,
s e clarifica e envelhece.
Os campos do Alentejo têm horizontes vas-
naleiros e a malta. As mulheres trabalham
em arranjos domésticos, na amassaria, nas
roupas, na cozinha. Ha muitas differenças
nos costumes das populações ruraes de Por
tugal.
O trabalhador do Alentejo usa chapóo de
«bas largas, jaqueta, safães de couro sobre
a calça, borzeguins e sapatos fortes. Alguns
trazem pehcas ou casacos de pelle de car
neiro. Usam gabão e grandes mantas de lã,
formadas de dois pannos cosidos com uma
abertura no meio da costura.
. >.v. .
BBf
m
m
Al
m
.
u ■
Br
Trigo no calcadouro — Alentejo.
tos; nãó apresentam varzeas dilatadas, gran
des extensões planas, mas o solo suavemente
ondulados deixa estender a vista. Grandes
manchas de florestas de azinheiral e sobreiros
ernmólduram terras de pão òu pastagemf, e ha
a inda bastantes terrenos incultos por onde va-
SUeam rebanhos de cabras. O arvoredo dessas
florestas tem 1 , um tom verde escuro, atirando
Para pardacento, mais severo dò que viçoso.
Ao redor das povoações, grandes olivaes, vi
nhedos,' alguns hortejos e pomarés. Nas gran
des propriedades, as herdades, ha o monte,
a casa de habitação do lavrador, proprietário,
rendeiro ou feitor, com as suas dependencias
e offictnas.
Numa lavoura mediana ha dezenas de ho
mens a trabalhar, permanentes e eventuaes,
abegões, carreiros, mànageiros, creados, jor-
Um interessantíssimo, typo que merece es
tudo é o ¡pastor, que passa a Vida corhf o seu
rebanho, solitario na ímmensa campina. Este
não goza do espectáculo das montanhas, co
mo o da Estrella ou do Suago, com as suas
cambiantes de luz, as névoas agarradas as
encostas relvadas, vistas que deliciam a ima
ginação. i em outra coisa mais solemne, a
trovoada na charneca, tremenda, que parece
querer subverter todas as coisas numa furia
cruel de destruição, quando giestas e estevas
se tornam phosphorecentes; o negro bulcão
abrindo-se e m relámpagos e coriscos, atroan
do tudo com o estampido do trovão; parece
que a terra se abre ameaçadora ao medonho
estouro, e vê-se de repente a azinheira num
grande incendio.
O pastor usa cajado, alforge, tarro de cor-