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PELO MUNDO...
Dezembro de 1925
— E’ verdade! corroborou o anjo.
— Nossa mãe, sugeriu o menino, não sa
berá nada... Iremos sem lhe dizer... e quando
estiver triste viremos comsolal-a.
— O melhor seria leval-a comnosco, disse
a menina.
— Parece-me acertado, affirmou o anjo.
Voltarei para buscal-a.
— Magnifico!
— Está, então, resolvido ?
— Está resolvido.
Caía a tarde, phantasticamente, entre ala
garas de ouro.
O anjo pegou as creanças nos braços e
dum só impulso lançou-se com' ellas no azul
luminoso.
A mãe, que nesse instante chegava ao
jardim, viu-os afastar toda tremula.
O anjo, apezar da distancia, parecia cres
cer. Era tão dlaphano, que, através das
azas, se via o sol.
A mãe, ante o milagroso espectáculo, não
pôde nem gritar.
Quando, mais tarde, o anjo voltou ao jar-
dlm para a leValr, a bôa mulher estava ainda
em extase.
Aniado Nervo
BRAÇO É BRAÇO !
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Cinco bellas nadadoras que venceram, recentemente, uma importante prova feminina realizada em Paris
□ bem que podemos fazer
Os males que não pódes remediar são
infinitos, mas os que pódes remediar são
tantos que, se em conjunto estudares bem
os beneficios que fizeste num anno, por
exemplo, o trabalho parece enorme para as
tuas forças e parece um sonho o tel-o rea
lizado.
Também 1 um grão póde produzir uma es-
piga.
A bondade que contém a alma humana
é desconcertante pela sua grandeza.
A força que para o bem nos foi conce
dida é de uma enormidade que pasma. As
sim vemos homens destituidos de todos os
recursos, que realizam milagres de caridade;
que mudam 1 a organização das sociedades,
que fazem sair do eixo o mtindoi e o re
novam.
Assombra pensar o que seria o nosso pla
neta se todos estlvessemos educados para o
amor em vez de o estar para o egoísmo
e também para o odio.
O eixo moral do mundo seria, como se
disséssemos, perpendicular ao plano da ecly-
ptica do dever e uma divina primavera rei
naria nos lares dos homens...
Amado Nervo