PELO MUNDO...
Outubro de 1926
Uxn povo que não se cansa de guerrear
Com muita frequencia apparecem na im
prensa diaria telegrammas sobre incidentes
passados na fronteira noroeste do Indostão.
Esta fronteira é a porta ou entrada prin
cipal das Indias. Por ellfa atravessam os
grandes caminhos historíeos que seguiram Os
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A passagem da fronteira entre a India e o Afghanistão.
conquistadores das ricas planicies do Ganges
e do Indo. Ella viu passar as cohortes de
Alexandre, as hordas musulmanas e mongó
licas.
No tempo do Czar, a Russia dlhava com
olhos cubiçosos esta fronteira, cuja possessão
lhe teria talvez assegurado o imperio das Ín
dias. Mas não falemos dos mortas f
Esta fronteira é formada por um gigantesco
massiço, o de Hindou-Rouck, cujas pedre
gosas e abruptas montanhas, desprovidas quaéi
completamente de aguas correntes, constitui
riam' uma barreira intransponível para um
exercito se não existisse um desfiladeiro que
a atravessa de um lado a outro; o passo
de Rhibert.
Suas vizinhanças acham-se povoadas por
tribus de ferozes e ariscos montanhezes, que
se podem considerar como os melhores guer
reiros do mundo. Contra estes fanáticos mu-
sul manos sustenta a Inglaterra, ha cento e
vinte e oito annos, uma guerra que nãoi dá
signaes de .acabar tão cedo.
Nas montanhas deseguaes desta região, po
voadas de arbustos, os indígenas encontram
numerosos esconderijos, de onde saem de
improviso e se precipitam sobre as caravanas,
saqueando-as, depois de ter assassinado os
individuos que as escoltam. Todos os annos,
ha mais de um século, as forças britannicas
perdem um minimo de 200 homens; e isto
em tempo de paz.
Porque quando o
grito de guerra sania
move estas tribus, con
tam-se aos milhares as
victimas, que aquellas
consegem surprehender
e assassinar, descendo
até ás vizinhas pla
nicies.
As tribus pacificas
e submettidas tomam
suas precauções levan
tando em pleno campo
torres fortificadas, de
cujo cimo os vigias
inspecciOnam constan
temente o horizonte.
Ao menor signal çus-
peito, os camponezes
abandonam seu traba
lho e refugiam-se na
torre, onde esperam, se
fôr preciso, até que
uma patrulha ingieza
venha libertal-ós.
Estes montanhezes, cujo conjüncto de tribus
tomou o nome de Paihans, não têm fé nem'
lei.
Como se tem experimentado infinitas
vezes, nãoi fazem honra á sua palavra
de submissão, como acontece ás kabilas
marroquinas.
Ha quatro annos atrás, a Inglaterra ima
ginou um meio radical e dispendioso para
submetter a tribu dos Machouds; levantou
em roda uma cerca de arame de 50 kilometros
de comprimento. De 150 ou 200 em 200
metros installaram um forte, e mais de 8.000
soldados montaram guarda cinco ou seis me-
zes, com a esperança de render pela fome
os rebeldes.
No espaço de uma noite as guarnições de
oito destes fortes foram degjoladas, e Os re
beldes fugiram.
A experiencia custou 400.000 libras ster-
linas ao Governo, fóra a humilhação de ter
sido embrulhado pelos rebeldes.
E a guerra continúa, infelizmente, sem espe
rança de próximo fim!
Em toda a parte se cozem favas...
UM PHENOMENO
Trata-se de um lagarto com duas ca
beças, encontrado vivo numa collina dos
arredores de Portsmouth. Um jornal illus-
trado, estampando a photographia do estra
nho bicho, explica: é um dos animaes mais
phantasticos que têm appareeido no mundo!
•Na realidade são duas metades anteriores que
se acham soldadas uma na outra, uma delias
quasi normal, a outra nitidamente atro-
phiada.
Percebe-se, com effeito, que a cabeça da
esquerda é muito menor, o pescoço menos
comprido e as patas mal conformadas.
O animal move-se difficilmente, cada uma
das extremidades .esforçando-se por mover a
outra, o que não é nada de admirar, pois
tem dois cerebros que se disputam 1 o mando
no organismo.