Full text: 6.1927=Nr. 9 (1927000609)

- 61 - 
Outubro 
de 1927 
PÍELO Mutobõ... 
u "i 30 tarde como você, caro mestre, disse 
, , convidados, aos cincoQnta e quatro 
na come ǰ u a sua carreira de gover- 
Espaiíl-^* ma ’° r ^ os políticos que já teve a 
v.w’! 1 !" 1 L c 'sneiros ? Bem sei, respondeu 
me Robles. Cisneiros e eu, perdoem- 
taita de modestia, começamos tarde a 
me 5 „ carrClra >. e eu > pela minha parte, não 
é ,P° SS0 9 ue ix a r. Supponho que Cisneiros, 
fOi tão pouco não se queixaria. Ia, 
izendo, que não sd se sabenl) a minha 
l ira peça, intitulava-se O Papsado.. 
não S me Ct ,?- ieS na0 tinham confiança mella; 
e diziam nada a mim, .eram bondosos 
litfpr-, • es >, respeitavam os meus trabalhos 
ses «í/í? ° utra . e specie, mas, por phra- 
eii h,° taS ’ rct^rencias, reticencias inevitáveis, 
a mini" 1 sus P e *tava, tinha a certeza, de Ofje 
nua peça lhes inspirava uma appreheiasão 
no fim do, primeiro acto, houve um silencio 
aterrador... 
Todos v tantos os actores,, .corno o autor, 
estávamos tristes, apprehensivos. 
No segundo acto, deu-se um incidente, que 
provocou violentos protestos. Exasperado com 
o silencio da sala (o silencio prolopgára-se 
pelo segundo acto), um dos meus amigos, 
poz-se de pé na pTatéa e dirigindo-se aos 
camarotes, vociferou: teto è uma bellczak 
Porcaria para quem não applaudir! 
Não foi precisamente porcaria o termo 
empregado por aquelle amigo indiscreto. 
Aquella exclamação suscitou ¡inmediatamente, 
uma tempestade- de gritos, de patadas e as- 
sovios. Eu estava anniquillado. A emoção 
que experimentava era profunda, indiscripti- 
vel. E ainda assim a emoção foi maior, 
mais funda, ao terminar o acto, quando o 
silencio foi substituido por uma ovação en- 
casso ^ r í ls P' rava 'lties a apprehensão do fra- 
estav.-i i™* 0 ? Q dia da estréa. O theatro 
°s me c IQ a cun ha. Todos os meus amigos, 
As nr US . com P a nheiros, estavam no the a tro. 
tunde lrn f lraS 8cen as foram ouvidas e-m pro- 
havia SlCnc '°- Na metade do primeiro acto, 
u m „ um c PÍsodio, em que e{¡ tinha posto 
a qiie]iJ an . et npenho, um grande trabalho; 
eo mr) „ episodio passou desapercebido. Em 
que 1* 9 sa ? ao , uma scena vulgar de recheio, 
e nthnçfn3 buha nada de particular, arrancou 
ta Va /i‘, n ! ac! °s applausos. Eu, com isso, es- 
cide n te aeVeras Sur Prehendido. Como o in- 
meoe’ 6 Se re petisse pouco mais adeamte, co- 
se Da a . comprehender que o theatro não 
o q.. e ecia com coisa alguma. Applaudiam 
a y , eu escrevera sem cuidado e contra 
daço s p e e passavam em silencio, os pe- 
licadcy, m ( i ue eu tinha posto ternura, de- 
/a ’ e emoção. Quando caiu o panno 
thusiasta, delirante. O enthusiasmo continuou, 
augmentando no terceiro acto,., e, não pre 
ciso dizer mais nada. Foi esta a maior 
emoção da minha vida. 
Luiz Matienzo, o romancista, falou em se 
guida e disse: 
— A maior emoção que experimentei, foi 
ha muitos annos, e apesar do tempo de 
corrido, ainda quando pepso maquillo, aper- 
ta-sC-me o coração. 
Isso deu-se nos últimos dias do automno. 
A tepidez do ar se despedia, iamos entrar 
nos rigores do inverno. Eu tinha entre as 
mãos, uma mão fina e branca, e essa mão 
ia-se tornando cada dia mais transparente, 
mais diaphana. 
Uns olhos i inmensos v ¿nelapcholicos, olha 
vam para mim com um olhar profundo, 
meigo e acariciador... A pessôa de quem 
falo, ia morrendo ao^ poucos...
	        
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