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Outubro
de 1927
PÍELO Mutobõ...
u "i 30 tarde como você, caro mestre, disse
, , convidados, aos cincoQnta e quatro
na come ǰ u a sua carreira de gover-
Espaiíl-^* ma ’° r ^ os políticos que já teve a
v.w’! 1 !" 1 L c 'sneiros ? Bem sei, respondeu
me Robles. Cisneiros e eu, perdoem-
taita de modestia, começamos tarde a
me 5 „ carrClra >. e eu > pela minha parte, não
é ,P° SS0 9 ue ix a r. Supponho que Cisneiros,
fOi tão pouco não se queixaria. Ia,
izendo, que não sd se sabenl) a minha
l ira peça, intitulava-se O Papsado..
não S me Ct ,?- ieS na0 tinham confiança mella;
e diziam nada a mim, .eram bondosos
litfpr-, • es >, respeitavam os meus trabalhos
ses «í/í? ° utra . e specie, mas, por phra-
eii h,° taS ’ rct^rencias, reticencias inevitáveis,
a mini" 1 sus P e *tava, tinha a certeza, de Ofje
nua peça lhes inspirava uma appreheiasão
no fim do, primeiro acto, houve um silencio
aterrador...
Todos v tantos os actores,, .corno o autor,
estávamos tristes, apprehensivos.
No segundo acto, deu-se um incidente, que
provocou violentos protestos. Exasperado com
o silencio da sala (o silencio prolopgára-se
pelo segundo acto), um dos meus amigos,
poz-se de pé na pTatéa e dirigindo-se aos
camarotes, vociferou: teto è uma bellczak
Porcaria para quem não applaudir!
Não foi precisamente porcaria o termo
empregado por aquelle amigo indiscreto.
Aquella exclamação suscitou ¡inmediatamente,
uma tempestade- de gritos, de patadas e as-
sovios. Eu estava anniquillado. A emoção
que experimentava era profunda, indiscripti-
vel. E ainda assim a emoção foi maior,
mais funda, ao terminar o acto, quando o
silencio foi substituido por uma ovação en-
casso ^ r í ls P' rava 'lties a apprehensão do fra-
estav.-i i™* 0 ? Q dia da estréa. O theatro
°s me c IQ a cun ha. Todos os meus amigos,
As nr US . com P a nheiros, estavam no the a tro.
tunde lrn f lraS 8cen as foram ouvidas e-m pro-
havia SlCnc '°- Na metade do primeiro acto,
u m „ um c PÍsodio, em que e{¡ tinha posto
a qiie]iJ an . et npenho, um grande trabalho;
eo mr) „ episodio passou desapercebido. Em
que 1* 9 sa ? ao , uma scena vulgar de recheio,
e nthnçfn3 buha nada de particular, arrancou
ta Va /i‘, n ! ac! °s applausos. Eu, com isso, es-
cide n te aeVeras Sur Prehendido. Como o in-
meoe’ 6 Se re petisse pouco mais adeamte, co-
se Da a . comprehender que o theatro não
o q.. e ecia com coisa alguma. Applaudiam
a y , eu escrevera sem cuidado e contra
daço s p e e passavam em silencio, os pe-
licadcy, m ( i ue eu tinha posto ternura, de-
/a ’ e emoção. Quando caiu o panno
thusiasta, delirante. O enthusiasmo continuou,
augmentando no terceiro acto,., e, não pre
ciso dizer mais nada. Foi esta a maior
emoção da minha vida.
Luiz Matienzo, o romancista, falou em se
guida e disse:
— A maior emoção que experimentei, foi
ha muitos annos, e apesar do tempo de
corrido, ainda quando pepso maquillo, aper-
ta-sC-me o coração.
Isso deu-se nos últimos dias do automno.
A tepidez do ar se despedia, iamos entrar
nos rigores do inverno. Eu tinha entre as
mãos, uma mão fina e branca, e essa mão
ia-se tornando cada dia mais transparente,
mais diaphana.
Uns olhos i inmensos v ¿nelapcholicos, olha
vam para mim com um olhar profundo,
meigo e acariciador... A pessôa de quem
falo, ia morrendo ao^ poucos...