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Novembro de 1927 
PELO MUNDO... 
Francesca Scanagatta 
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á escola de Neustadt, onde ingressou no dia 
A’s defensoras e propagandistas enthu- 
siastas do feminismo agradará unmteinsa- 
mente a historia desta nobre Francesca Sca- 
nagatta, typo cavalheiresco de amazona forte 
e audaz. 
Pertencia esta dama aos tempos napoleó 
nicos. Tinha nascido em Milão e era filha 
de um rico e orgulhoso patricio. Já em 
sua meninice amava a leitura dos romanees 
e poemas épicos, desdenhando mais tarde 
a agulha, o fuso e os trabalhos proprios de 
seu sexo. Tinha uma alma de soldado ou 
de sargento. Seus desejos mais fervorosos 
impelliam-na para a milícia. Mas dominou-se 
prudentemente, es- 
nerando a occasião, 
que se lhe offere- 
ceu da maneira se 
guinte : 
A joven Fráncesca 
tinha um irmão que, 
muito máo grado 
seu, devia seguir a 
carreira militar. Co 
mo em Milão não 
havia, ao gosto do 
pae, um collegio a 
proposito para a 
educação do filho, 
foi preciso que a 
familia se trasla 
dasse a Neustadt, 
cidadela de Vienna, 
onde havia uma es 
cola militar das 
mais acreditadas. 
Naquelle tempo, 
uma viagem de Mi 
lão a Vienna em- 
prehendia-se com o 
mesmo genero de 
precauções como se 
se tivesse que atra 
vessar a Africa 
Central. O caminho 
estava cheio de pe 
rigos. 
A joven F ran 
caca, destinada por 
seu pae a entrar 
no Convento das Salesianos de Vienna, teve 
immensa alegria ao vestir o traje de via 
gem: jaqueta negra e calção curto. A perspe 
ctiva de uma viagem de prováveis peripecias 
encaintava-ma. 
Chegados a Vienna, o irmão adoeceu e 
tiveram que ficar ali uns dias, durante os 
quaes elle confessou a sua irmã Francesca 
a sua grande antipathia pela carreira das 
armas. Francesca teve uma idéa diabólica: 
— E se eu o ■ substituisse ? pensou. 
Como a doença do irmão exigia uma 
longa cura, o pae determinou ficar com 
elle em Veneza e confiou sua filha a uma 
familia muito honrada que partia para Vienna 
ie á qual a joven Francesca, com grande as 
tucia, fez crer, durante a viagem, masculini- 
zando o proprio nome, que era o aspirante 
16 de fevereiro de 1794. 
As consequências são fáceis de imaginar. 
O pae, informado sobre o caso, foi á es 
cola militar e solicitou vêr o director, o' 
qual vendo o enthusiasmo da joven pela car 
reira militar e a sua decisão em seguir nella, 
combinou em consentir que Francesca ou 
Francesco proseguisse como um homem nos 
estudos. Em 1797. .teve o posto de alféres. 
Destacada para o regimento de São Jorge, 
que se achava perto de Manguncia, começou 
a sua vida de campanha, demonstrando uni 
camente bôa vontade, pois aquelle regimento 
não entrou em ne 
nhuma operação de 
guerrá, como Fran 
cesca desejava. 
Sua vida passava 
monotonamente, e 
isto desesperava-a. 
Conta-se que um 
dos officiaes do re 
gimento onde ella se 
achava, teve suspei 
tas sobre o feu sexo 
e um bello dia lhe 
disse: 
— Frances o, sabe 
o que se diz de si? 
— Não sei. 
— Diz-se que você 
não é úm homem. 
— Qual é a provia 
ue querem que eu 
è para demóns 
tralo? 
— A que quizer. 
— Bem. Mande- 
me a sua própria 
esposa á minha casa 
esta noite. 
— Oh, meu ami 
go ! Que lembran 
ças tem yocê! 
Mais tarde passou 
para o 6.° batalhão 
do regimento de 
Banato, que estava 
interessado no cerco 
de Genova. Sua 
coragem proporcionou-lhe o accesso ao posto 
de tenente em 1800. Mas uma ordem, supe 
rior reclamou-a para o Estado-Maior, que 
se achava em Nervio. 
O general Gotsheime, commandante do corpo 
do exercito, acolheu-a benevolamente, convi 
dou-a para jantar e acaboU por revelar-lhe a 
razão de tel-a reclamado para o Estado- 
Maior: tratava-se de um pedido de seu pae, 
que estava ao par dos perigos que ella corrria, 
por sua intrepdiez e valentia. Francesca pro 
testou. 
O general disse-lhe que estava ao par 
do segredo sobre o seu verdadeiro sexo, que 
tinham disposto desligaba do exercito e que 
era inútil qualquer tentativa. Isto tirou toda 
a esperança á joven de voltar á vida turbu 
lenta dos campos de batalha. Sua retirada da 
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o 
(ftff- 
Francesca Scanagatta, tenente do exercito austríaco.