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Nós que v,vemos num paiz sem architectura, sem estylo, mal podemos aquilatar do valor dessas
obras adm.raveis que sao as cathedraes. Cada uma dessas ¡inmensas construcçòes vaie pelo genio dos
qU ^ 38 ' n ' ag¡na ™ m ’ dos artifices ‘l lie as construiram, pelo material empregado nellas, mas
m, também, pelo sentimento de que nasceram, pelo muito que encerram do passado e da alma de
um nobre povo pelo tempo que as tornou veneráveis, sagradas. Certo, a significação symbolica que
tinham para os architectos-theologos” e poetas que as elevaram até as brumas do céo, não deixa de
“/ir Parte d ° S COntCn,poraneos - em 1 ue ainda P" s¡ s‘e a fé - e isso não é pouco aceres-
0 optimo artigo que se lê abaixo é devido a um profissional competentíssimo, que c um apaixonado
ao estylo gotnico.
enri Heine tinha vaticinado: «O catholi-
cismo suavizou até certo ponto o ardor
bellicoso dos allemães; mas nao lhe foi
possivel destruil-o; e quando a Cruz —
esse talismán que os domina — se des
pedaçar, então transbordará de novo a fe
rocidade dos antigos combatentes, a exal
tação delirante dos Berserkers que os poetas
do Norte cantam até hoje. Então — e
esse dia chegou bem depressa — as velhas divin
dades guerreiras levantar-se-hão dos seus tumulos
fabulosos, Tlior pôr-se-ha de pé e demolirá as ca
thedraes gothicas.»
E a sua terrível phrophecia, ao que parece, tem-se
verificado ; os obuzes do novo Thor têm destruido
em parte, algumas entre as mais celebres cathedraes
de França. Mas os artistas e os francezes podem-se
consolar da affronta brutal, pois, em França sao innú
meras as cathedraes bellas e celebres.
Cada cidade, cada lugar, cada aldeia pode-se di-
tem d seu admiravel thesouro e nenhum exer
cito de pequenos combatentes saberá abater esse
Phantastico exercito de gigantes de mármore, essa
Phalange de torres, <de flechas, de campanarios que
se erguem para o ceo indestruetiveis marcos im-
morredouros da Historia e da Arte.
Sómente o grande Rodin na sua cyclopica obra
artística e litteraria pôde falar de todas as cathe-
raes do seu paiz e colher uma flor de cada bou-
Quet. A nossa tarefa e pois humilde e ingrata no re
sumo mais que summario d’este artigo.
No Norte da França, onde por desgraça cahiu
a grande tempestade teutónica, encontramos as me
lhores construcções sacras do áureo período go-
thico.
A primeira entre todas é Notre Dame de Reims, que
Villet-le-Duc proclamou a rainha das cathedraes.
Construida sobre as cinzas de um monumento ro
mano, levantado em memoria do baptismo de Clovis
e celebrado por São Remy em 495, que o consagrou
aos reis dos Francos.Este monumento foi destruido
diversas vezes pelo fogo. Iniciaram-se em 1211 os
trabalhos da nova igreja que se devia concluir de
pois de cinco séculos de trabalho, empregando-se
nisso um sem numero de artistas immortaes; uma
gloria e uma glorificação da arte medieval.
Mede 138 metros de comprimento e 30 de largu
ra. A fachada, soberba pagina de esculptura, data
do fim do século XIII: as suas duas torres, da al
tura de 80 metros e incompletas, são do século XIV.
Nos tres admiráveis pórticos cobertos de esplen
didas decorações, entre as quaes se contam umas
350 estatuas grandes e pequenas, no admiravel flo
rão central de 12 metros de diâmetro, nas janellas
duplas, nas ordens de nichos nos quaes estão repre-
zentadas as figuras do antigo testamento e as 42
estatuas colossaes do baptismo de Clovis, rei de
I 1 rança, trabalharam deixando signaes indeleveis, os
mais bellos nomes da historia da antiga arte france-
za, desde Robert de Coucy a Bemard de Soissons,
de Jean d Orlais a Gaucher de Reims e a Tean le
Loup.
Melhor, mas não menos triste sorte tocou á ca-
thedral de Soissons que os obuzes allemães em
parte destruiram. Começada em 1x75 sobre os res
tos de uma antiquíssima abbadia, esta igreja gothica
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