Full text: 1.1915,23.Jun.=Nr. 4 (1915000104)

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Nós que v,vemos num paiz sem architectura, sem estylo, mal podemos aquilatar do valor dessas 
obras adm.raveis que sao as cathedraes. Cada uma dessas ¡inmensas construcçòes vaie pelo genio dos 
qU ^ 38 ' n ' ag¡na ™ m ’ dos artifices ‘l lie as construiram, pelo material empregado nellas, mas 
m, também, pelo sentimento de que nasceram, pelo muito que encerram do passado e da alma de 
um nobre povo pelo tempo que as tornou veneráveis, sagradas. Certo, a significação symbolica que 
tinham para os architectos-theologos” e poetas que as elevaram até as brumas do céo, não deixa de 
“/ir Parte d ° S COntCn,poraneos - em 1 ue ainda P" s¡ s‘e a fé - e isso não é pouco aceres- 
0 optimo artigo que se lê abaixo é devido a um profissional competentíssimo, que c um apaixonado 
ao estylo gotnico. 
enri Heine tinha vaticinado: «O catholi- 
cismo suavizou até certo ponto o ardor 
bellicoso dos allemães; mas nao lhe foi 
possivel destruil-o; e quando a Cruz — 
esse talismán que os domina — se des 
pedaçar, então transbordará de novo a fe 
rocidade dos antigos combatentes, a exal 
tação delirante dos Berserkers que os poetas 
do Norte cantam até hoje. Então — e 
esse dia chegou bem depressa — as velhas divin 
dades guerreiras levantar-se-hão dos seus tumulos 
fabulosos, Tlior pôr-se-ha de pé e demolirá as ca 
thedraes gothicas.» 
E a sua terrível phrophecia, ao que parece, tem-se 
verificado ; os obuzes do novo Thor têm destruido 
em parte, algumas entre as mais celebres cathedraes 
de França. Mas os artistas e os francezes podem-se 
consolar da affronta brutal, pois, em França sao innú 
meras as cathedraes bellas e celebres. 
Cada cidade, cada lugar, cada aldeia pode-se di- 
tem d seu admiravel thesouro e nenhum exer 
cito de pequenos combatentes saberá abater esse 
Phantastico exercito de gigantes de mármore, essa 
Phalange de torres, <de flechas, de campanarios que 
se erguem para o ceo indestruetiveis marcos im- 
morredouros da Historia e da Arte. 
Sómente o grande Rodin na sua cyclopica obra 
artística e litteraria pôde falar de todas as cathe- 
raes do seu paiz e colher uma flor de cada bou- 
Quet. A nossa tarefa e pois humilde e ingrata no re 
sumo mais que summario d’este artigo. 
No Norte da França, onde por desgraça cahiu 
a grande tempestade teutónica, encontramos as me 
lhores construcções sacras do áureo período go- 
thico. 
A primeira entre todas é Notre Dame de Reims, que 
Villet-le-Duc proclamou a rainha das cathedraes. 
Construida sobre as cinzas de um monumento ro 
mano, levantado em memoria do baptismo de Clovis 
e celebrado por São Remy em 495, que o consagrou 
aos reis dos Francos.Este monumento foi destruido 
diversas vezes pelo fogo. Iniciaram-se em 1211 os 
trabalhos da nova igreja que se devia concluir de 
pois de cinco séculos de trabalho, empregando-se 
nisso um sem numero de artistas immortaes; uma 
gloria e uma glorificação da arte medieval. 
Mede 138 metros de comprimento e 30 de largu 
ra. A fachada, soberba pagina de esculptura, data 
do fim do século XIII: as suas duas torres, da al 
tura de 80 metros e incompletas, são do século XIV. 
Nos tres admiráveis pórticos cobertos de esplen 
didas decorações, entre as quaes se contam umas 
350 estatuas grandes e pequenas, no admiravel flo 
rão central de 12 metros de diâmetro, nas janellas 
duplas, nas ordens de nichos nos quaes estão repre- 
zentadas as figuras do antigo testamento e as 42 
estatuas colossaes do baptismo de Clovis, rei de 
I 1 rança, trabalharam deixando signaes indeleveis, os 
mais bellos nomes da historia da antiga arte france- 
za, desde Robert de Coucy a Bemard de Soissons, 
de Jean d Orlais a Gaucher de Reims e a Tean le 
Loup. 
Melhor, mas não menos triste sorte tocou á ca- 
thedral de Soissons que os obuzes allemães em 
parte destruiram. Começada em 1x75 sobre os res 
tos de uma antiquíssima abbadia, esta igreja gothica 
H
	        
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