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Tatuagem feita n um marinheiro brasileiro, no Japao
brado de recorrer a esse elemento decorativo
para realçar melhor a nossa formosura ou
a nossa imponencia.
Por ora, a tatuagem no Rio é frequente
entre os criminosos, vagabundos, capoeiras,
soldados e operarios, sem que se attribúa
isto á influencia ingleza ou americana. Os
inglezes, por exemplo, tatuam-se á maneira
dos selvagens e gentes da mala-vita, por
fantasia, por espirito de imitação, por vai
dade, por snobismo. Os nossos malandros,
usam gravar esses arabescos na epiderme
por um confuso sentimento de belleza, como
distinctivo de profissão, por superstição e
tambem influenciados pelo meio. A’s vezes,
apparecem n’esses individuos uns caracteres
taes que o tornam um verdadeiro signal de
generativo. No Rio, quasi todos os gatunos,
desordeiros e vagabundos são tatuados.
A nossa tatuagem é simples, grosseira,
primitiva, executada sem arte, sem a exhu-
berancia e fantasia das tatuagens ingle-
zas, sem a delicadeza e a espiritualidade
das francezas e sem a perfeição quasi me
cánica das allemãs. Tanto na forma como
na significação, a nossa tatuagem é banal,
despida de graça, monótona. Os motivos pre
dilectos são as chagas de Christo, as imagens
de S. Jorge, o signo de Salomão, corações
traspassados de punhaes ou ornados de em
blemas, flores, nomes de amantes, etc. A’s
h;
ev
&OSTO
DE
VOCE
Tatuagem brasileira.
vezes, pela multiplicidade de desenhos gra
vados na pelle de um dos nossos malandros,
constróe-se toda a sua biographia.
JSfysio de Carvalho
T\s Fortificações
de Antuerpia
A primeira fortificação de Antuer
pia data do dominio hespanhol de Car
los V sobre os flamengos e proveio da
necessidade de circumdar a posição to-
pographica da florescente cidade com
solidas fortificações.
Subindo ao throno, Felippe II, or
denou ao Duque d’Alba que puzesse
mãos á obra, encarregando-se da sua
constmcção o celebre architecto Fran
cisco Pacciotti de Urbino, que tinha
construido em 1 565 para Emanuel de
Saboia (o vencedor de S. Quintino) a
fortaleza de Turim.
E’ bom lembrar que a architectura
estava então em pleno «renascimento»,
e certo numero de architectos de nota,
tinham já construido na Italia muitas
fortificações, mas nenhum, a não ser
Pacciotti, tinha applicado o methodo
mais racional dos bastiões ; de sorte
que se a fortaleza de Turim foi o mo
delo da arte inexcedivel de Francisco
Pacciotti, a grandiosa cidadella pen
tagonal de Antuerpia foi considerada
com muita razão a Rainha das forta
lezas da Europa.
Segundo a ideia de Pacciotti, os ba
luartes constituíam a principal defeza e
tinham uma grande largura.
Para dar aos leitores uma ideia das
linhas da fortaleza, direi que : o com
primento das linhas era de cerca de
105 metros; do flanco normal á cor
tina 41 metros; da cortina, entre os
flancos dos baluartes 1 50 metros ; da
mesma entre os flancos retirados 175
metros ; da linha de defeza, da corti
na ao angulo saliente do baluarte 27 5
metros; do lado do pentágono circum-
scripto 367,50 metros.
Ainda antes de se terminarem as
obras teve ella o baptismo victorioso
do fogo e teve que sustentar formidá
veis cercos. Em 1832 os actuaes allim
dos francezes conseguiram tomal-a so
mente depois de vinte e quatro dias
de cerco e com 149 peças de forta
leza !
Depois de feita a paz, os belgas nao
só reedificaram o forte, mas alargaram
a linha de defeza n’um circulo de cer
ca de 100 kilometros, construindo
n’elle obras modernas e innúmeros re-
ductosinhos á frente e nos campos em
trincheirados.
R G.