Full text: 1.1915,21.Jul.=Nr. 8 (1915000108)

SELECTA 
m 
Tatuagem feita n um marinheiro brasileiro, no Japao 
brado de recorrer a esse elemento decorativo 
para realçar melhor a nossa formosura ou 
a nossa imponencia. 
Por ora, a tatuagem no Rio é frequente 
entre os criminosos, vagabundos, capoeiras, 
soldados e operarios, sem que se attribúa 
isto á influencia ingleza ou americana. Os 
inglezes, por exemplo, tatuam-se á maneira 
dos selvagens e gentes da mala-vita, por 
fantasia, por espirito de imitação, por vai 
dade, por snobismo. Os nossos malandros, 
usam gravar esses arabescos na epiderme 
por um confuso sentimento de belleza, como 
distinctivo de profissão, por superstição e 
tambem influenciados pelo meio. A’s vezes, 
apparecem n’esses individuos uns caracteres 
taes que o tornam um verdadeiro signal de 
generativo. No Rio, quasi todos os gatunos, 
desordeiros e vagabundos são tatuados. 
A nossa tatuagem é simples, grosseira, 
primitiva, executada sem arte, sem a exhu- 
berancia e fantasia das tatuagens ingle- 
zas, sem a delicadeza e a espiritualidade 
das francezas e sem a perfeição quasi me 
cánica das allemãs. Tanto na forma como 
na significação, a nossa tatuagem é banal, 
despida de graça, monótona. Os motivos pre 
dilectos são as chagas de Christo, as imagens 
de S. Jorge, o signo de Salomão, corações 
traspassados de punhaes ou ornados de em 
blemas, flores, nomes de amantes, etc. A’s 
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&OSTO 
DE 
VOCE 
Tatuagem brasileira. 
vezes, pela multiplicidade de desenhos gra 
vados na pelle de um dos nossos malandros, 
constróe-se toda a sua biographia. 
JSfysio de Carvalho 
T\s Fortificações 
de Antuerpia 
A primeira fortificação de Antuer 
pia data do dominio hespanhol de Car 
los V sobre os flamengos e proveio da 
necessidade de circumdar a posição to- 
pographica da florescente cidade com 
solidas fortificações. 
Subindo ao throno, Felippe II, or 
denou ao Duque d’Alba que puzesse 
mãos á obra, encarregando-se da sua 
constmcção o celebre architecto Fran 
cisco Pacciotti de Urbino, que tinha 
construido em 1 565 para Emanuel de 
Saboia (o vencedor de S. Quintino) a 
fortaleza de Turim. 
E’ bom lembrar que a architectura 
estava então em pleno «renascimento», 
e certo numero de architectos de nota, 
tinham já construido na Italia muitas 
fortificações, mas nenhum, a não ser 
Pacciotti, tinha applicado o methodo 
mais racional dos bastiões ; de sorte 
que se a fortaleza de Turim foi o mo 
delo da arte inexcedivel de Francisco 
Pacciotti, a grandiosa cidadella pen 
tagonal de Antuerpia foi considerada 
com muita razão a Rainha das forta 
lezas da Europa. 
Segundo a ideia de Pacciotti, os ba 
luartes constituíam a principal defeza e 
tinham uma grande largura. 
Para dar aos leitores uma ideia das 
linhas da fortaleza, direi que : o com 
primento das linhas era de cerca de 
105 metros; do flanco normal á cor 
tina 41 metros; da cortina, entre os 
flancos dos baluartes 1 50 metros ; da 
mesma entre os flancos retirados 175 
metros ; da linha de defeza, da corti 
na ao angulo saliente do baluarte 27 5 
metros; do lado do pentágono circum- 
scripto 367,50 metros. 
Ainda antes de se terminarem as 
obras teve ella o baptismo victorioso 
do fogo e teve que sustentar formidá 
veis cercos. Em 1832 os actuaes allim 
dos francezes conseguiram tomal-a so 
mente depois de vinte e quatro dias 
de cerco e com 149 peças de forta 
leza ! 
Depois de feita a paz, os belgas nao 
só reedificaram o forte, mas alargaram 
a linha de defeza n’um circulo de cer 
ca de 100 kilometros, construindo 
n’elle obras modernas e innúmeros re- 
ductosinhos á frente e nos campos em 
trincheirados. 
R G.
	        
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