Full text: 1.1915,25.Aug.=Nr. 13 (1915000113)

DA TERCEIRA A SEGUNDA PESSOA 
O O íüalogo é entre: 
EMm syrnpattlico > elegante, espirito alegre, forte nos assaltos contra o sexo fraco. 
«IMA, corada, viva, de uma graça muito captivante. 
Uma das cem cidades modernas. Hoje... amanhã. . época qualquer. 
A extremidade de um jardim de casa nobre. No fundo a linha de um muro, co- 
7*° de hera, corta o horizonte de um crepúsculo incendiado. A direita, destaca-se 
rancura de um banco de pedra e uma cadeia de balanço. A esquerda, perfila-se 
a escada de mármore com balaustre: a escada termina n’um pequeno terraço muito 
e gre com o reflexo do sol poente nos vidros coloridos da porta de entrada. No 
ntro, ao canto de um repuxo triumpha, ás barbas do pudor, a bella nudez de uma 
tatua symbolica. Em roda do tanque a muda linguagem das flores e das plantas. 
0 
E’ ntn conto es- 
cripto em forma dc 
dialogo, á maneira 
das peças de theaír®. 
Como o leitor verá 
logo ás primeiras li 
nhas, é escripto com 
muito espirito e uma 
engenhosidade admi 
rável. 0 seu tbema» 
é o velho thema. 
, ^“Ido, sentado numa cadeira de balanço, lê um tratado 
e Magnetismo Pessoal, saboreando o eterno cigarro; (a 
P°ria de vidro abre-se silenciosamente c apparece Em ma, 
estida de branco. Vindo para o terraço, ella volta-se e 
eradece com unja amavel inclinação a pessoa que abriu a 
Porta para ella. Demora-se olhando para o jardim aos seus 
; vendo Guido, sorri á flor dos labios. Depois de um 
omento, como se lhe viesse uma ideia, desce os degraus 
a Ponta dos pés, contendo a respiração. Depois do ultimo 
egTau, pára um instante para tomar folego; depois; sor- 
"do, com um passo ligeiro approxima-se do rapaz para 
"rprehendel-o pelas costas). 
Emnia olhando, atraz detle, para o livro, lê para 
1 mesma: Curso rápido de magnetismo pessoal, 
y. az um 8 es t° de espanto. Torna a olhar para o 
Vr o, lendo alto, com voz um pouco alterada) Não 
J" Passe á segunda experiencia, se não se foi 
Ptuito bem succedido na primeira {recúa de re- 
Pente alguns passos esperando...) 
fluido, que ficou a/li mesmo perplexo, a bocea 
Merta, volta-se espantado, levantando-se — Ah ! 
a senhora, mademoiselle! (deita fora furtiva- 
nente o cigarro). 
Enuna, apertando a mão que Guido lhe estende, 
m vivacidade — Quer occupar-se com o raa- 
stietismo, ao que parece? 
jiuido — Um pouquinho, não nego. 
tmjna— Para brilhar mais na conversa? 
uuido — Provavelmente! (pensando) Mas, sabe 
" u e a senhora chega a proposito ? 
txnma — A proposito... de que ? 
Guido — Do magnetismo (gesto de espanto de 
mma). Quando lia estava pensando... «Se eu ti- 
esse alguém para experiencia! por exemplo: 
0 rna moça! » Pois, acabava apenas de pensar, 
“fo uma voz... a sua; vejo uma pessoa... a sua; 
setri nunia mao - a sua : stito um perfume... o 
ia ^ raa ’ depois de um momento de espera, grace- 
Poss t ^ ° sen ^° gosto parece que não 
Guido — Gosto demais da sua companhia para 
haooter! 
Emma — Então o senhor possue todos os cinco 
Atidos! 
Guido — Obrigado pela concessão. 
Emma — Não ha de que! 
Guido — Então, eu dizia, a senhora chega a 
°Posito, quasi pela attracção magnética. 
Emma — Quer fazer experiencias sobre mim?... 
Ah! não, tenho medo! 
Guido — Medo? Não o diga nem brincando! 
O magnetismo é uma sciencia !... 
Emma-—Sim, mas é sempre uma sciencia os- 
culta ! 
Guido, convidando-a a sentar-se no baneo de 
pedra — Vamos, seja gentil!... Só a primeira ex 
periencia !... (depois de alguma hesitação ella ca 
minha para o banco) Ah ! muito bem! (segue-a). 
Emma, sentando-se— Sujeitemo-nos! 
Guido, senta-se junto delia, procurando no livra 
Um pouco de paciência! Vou reler, antes de fazer 
a experiencia... 
Ernnia, vivamente — ...da minha paciencia! 
Guido, sorri — Aqui está (lê) «Primeira expe 
riencia» (continua a lêr depressa, sem que se com- 
prehenda; com voz clara) «Pense que não póde 
tirar as mãos.» «A senhora não póde tirar as 
mãos.» «Quando eu puxar as minhas mãos a se 
nhora não poderá tirar as suas...» (finge que li 
ainda—fechando o livro) Muito bem! Compre- 
hendi. (Voltando-separa ella) A’ prova! 
Emma —Vejamos de que é capaz. 
Guido — De tudo... menos de lhe fazer mal, 
Emma — E’ o que faltava! 
Guido — Vamos!.. . (em tom de commando) 
Reuna as mãos, cruzando os dedos. (Ella executa 
a ordem) Assim ! (toma entre as suas as mãos 
delia) Agora me olhe bem de frente. (Vendo-a 
sorrir) Sem rir, entretanto ! (Um silencio, durante 
o qual ficam immoveis olhando-se fixamente) A 
senhora tem as mãos presas e não as póde mais 
separar... Pense que não as póde mais tirar.., 
Quando eu largar as suas mãos, não as poderá 
mais separar; (mais enérgico) não as poderá mais 
separar! (Uma pausa — tirando as mãos) Experi 
mente separal-as! 
Emma, finge muito bem não poder separar as 
mãos. 
Guido, muito satisfeito e sorridente — Impossí 
vel ! Não as póde separar! 
Emma, simula esforços enormes para separar as 
mãos — descança um momento — depois abre os 
mãos comji maxima facilidade— Pensou mesmo 
que eu não as podia separar? (debicando) Não 
foi bem succedido! 
Guido, para justificarse — A senhora é qut 
não pensa seriamente!
	        
© 2007 - | IAI SPK
Waiting...

Note to user

Dear user,

In response to current developments in the web technology used by the Goobi viewer, the software no longer supports your browser.

Please use one of the following browsers to display this page correctly.

Thank you.