DA TERCEIRA A SEGUNDA PESSOA
O O íüalogo é entre:
EMm syrnpattlico > elegante, espirito alegre, forte nos assaltos contra o sexo fraco.
«IMA, corada, viva, de uma graça muito captivante.
Uma das cem cidades modernas. Hoje... amanhã. . época qualquer.
A extremidade de um jardim de casa nobre. No fundo a linha de um muro, co-
7*° de hera, corta o horizonte de um crepúsculo incendiado. A direita, destaca-se
rancura de um banco de pedra e uma cadeia de balanço. A esquerda, perfila-se
a escada de mármore com balaustre: a escada termina n’um pequeno terraço muito
e gre com o reflexo do sol poente nos vidros coloridos da porta de entrada. No
ntro, ao canto de um repuxo triumpha, ás barbas do pudor, a bella nudez de uma
tatua symbolica. Em roda do tanque a muda linguagem das flores e das plantas.
0
E’ ntn conto es-
cripto em forma dc
dialogo, á maneira
das peças de theaír®.
Como o leitor verá
logo ás primeiras li
nhas, é escripto com
muito espirito e uma
engenhosidade admi
rável. 0 seu tbema»
é o velho thema.
, ^“Ido, sentado numa cadeira de balanço, lê um tratado
e Magnetismo Pessoal, saboreando o eterno cigarro; (a
P°ria de vidro abre-se silenciosamente c apparece Em ma,
estida de branco. Vindo para o terraço, ella volta-se e
eradece com unja amavel inclinação a pessoa que abriu a
Porta para ella. Demora-se olhando para o jardim aos seus
; vendo Guido, sorri á flor dos labios. Depois de um
omento, como se lhe viesse uma ideia, desce os degraus
a Ponta dos pés, contendo a respiração. Depois do ultimo
egTau, pára um instante para tomar folego; depois; sor-
"do, com um passo ligeiro approxima-se do rapaz para
"rprehendel-o pelas costas).
Emnia olhando, atraz detle, para o livro, lê para
1 mesma: Curso rápido de magnetismo pessoal,
y. az um 8 es t° de espanto. Torna a olhar para o
Vr o, lendo alto, com voz um pouco alterada) Não
J" Passe á segunda experiencia, se não se foi
Ptuito bem succedido na primeira {recúa de re-
Pente alguns passos esperando...)
fluido, que ficou a/li mesmo perplexo, a bocea
Merta, volta-se espantado, levantando-se — Ah !
a senhora, mademoiselle! (deita fora furtiva-
nente o cigarro).
Enuna, apertando a mão que Guido lhe estende,
m vivacidade — Quer occupar-se com o raa-
stietismo, ao que parece?
jiuido — Um pouquinho, não nego.
tmjna— Para brilhar mais na conversa?
uuido — Provavelmente! (pensando) Mas, sabe
" u e a senhora chega a proposito ?
txnma — A proposito... de que ?
Guido — Do magnetismo (gesto de espanto de
mma). Quando lia estava pensando... «Se eu ti-
esse alguém para experiencia! por exemplo:
0 rna moça! » Pois, acabava apenas de pensar,
“fo uma voz... a sua; vejo uma pessoa... a sua;
setri nunia mao - a sua : stito um perfume... o
ia ^ raa ’ depois de um momento de espera, grace-
Poss t ^ ° sen ^° gosto parece que não
Guido — Gosto demais da sua companhia para
haooter!
Emma — Então o senhor possue todos os cinco
Atidos!
Guido — Obrigado pela concessão.
Emma — Não ha de que!
Guido — Então, eu dizia, a senhora chega a
°Posito, quasi pela attracção magnética.
Emma — Quer fazer experiencias sobre mim?...
Ah! não, tenho medo!
Guido — Medo? Não o diga nem brincando!
O magnetismo é uma sciencia !...
Emma-—Sim, mas é sempre uma sciencia os-
culta !
Guido, convidando-a a sentar-se no baneo de
pedra — Vamos, seja gentil!... Só a primeira ex
periencia !... (depois de alguma hesitação ella ca
minha para o banco) Ah ! muito bem! (segue-a).
Emma, sentando-se— Sujeitemo-nos!
Guido, senta-se junto delia, procurando no livra
Um pouco de paciência! Vou reler, antes de fazer
a experiencia...
Ernnia, vivamente — ...da minha paciencia!
Guido, sorri — Aqui está (lê) «Primeira expe
riencia» (continua a lêr depressa, sem que se com-
prehenda; com voz clara) «Pense que não póde
tirar as mãos.» «A senhora não póde tirar as
mãos.» «Quando eu puxar as minhas mãos a se
nhora não poderá tirar as suas...» (finge que li
ainda—fechando o livro) Muito bem! Compre-
hendi. (Voltando-separa ella) A’ prova!
Emma —Vejamos de que é capaz.
Guido — De tudo... menos de lhe fazer mal,
Emma — E’ o que faltava!
Guido — Vamos!.. . (em tom de commando)
Reuna as mãos, cruzando os dedos. (Ella executa
a ordem) Assim ! (toma entre as suas as mãos
delia) Agora me olhe bem de frente. (Vendo-a
sorrir) Sem rir, entretanto ! (Um silencio, durante
o qual ficam immoveis olhando-se fixamente) A
senhora tem as mãos presas e não as póde mais
separar... Pense que não as póde mais tirar..,
Quando eu largar as suas mãos, não as poderá
mais separar; (mais enérgico) não as poderá mais
separar! (Uma pausa — tirando as mãos) Experi
mente separal-as!
Emma, finge muito bem não poder separar as
mãos.
Guido, muito satisfeito e sorridente — Impossí
vel ! Não as póde separar!
Emma, simula esforços enormes para separar as
mãos — descança um momento — depois abre os
mãos comji maxima facilidade— Pensou mesmo
que eu não as podia separar? (debicando) Não
foi bem succedido!
Guido, para justificarse — A senhora é qut
não pensa seriamente!