Full text: 1.1915,8.Sept.=Nr. 15 (1915000115)

SELECTA 
Caruso Graças á sua bella voz que se tornou de 
urna extraordinaria robustez ñas notas cen- 
traes, pouco perdendo nas agudas e nas medias, 
sempre fresca, sempre seductora, graças aos lucros 
que ella lhe deu, Caruso poude mandar construir na 
Toscana, vivendas realmente invejáveis. 
Um collaborador da Tribuna entrou num desses 
ninhos do Divo, em Bellosguardo, numa villa em tudo 
principesca : enormes avenidas de arvores seculares, 
balaustradas, estatuas, fontes, lagos, jardins elegantes, 
e, em redor, terras que produzem Deus sabe quanto. O 
palacio e a herdade serão em breve reunidos por uma 
grande arcada do século setecentos, com columnas e 
ioda envidraçada ; serão collocados nelle as obras de 
arte que Caruso sempre compra em toda a parte ; e, 
com mais alguns milhares de liras, a villa tornar-se-á 
luxuosíssima. 
E só a 11 kilometros de distancia, em linha recta, 
está a sua outra villa de Belvedere, em Cercina. 
Grande trabalho dá Caruso diariamente ao correio; 
não ha viuva que não recorra a elle pedindo-lhe pen 
são, não ha festa para que se não queira o seu patro 
cinio, não ha rapariga que não o queira para compa 
nheiro da sua vida. «Mas isto não a nada—acrescenta 
o tenor ao jornalista — Não póde ter idéa do que 
acontece na America. Aproveito o enthusiasmo para 
augmentar os preços. Faço-me pagar agora doze mil 
e quinhentas liras. E sabe quanto me rendem, ao anno, 
os discos ? 
— Sessenta mil liras. 
— Adivinhou a quantia... mas é ao mez.» 
E mandou buscar os documentos para provar o 
que dizia. Quando se pensa que elle canta para o 
gramophone um dia por anno, passando por Lon 
dres, se comprehende que o theatro se tornou para 
elle questão de menor importancia. Cantou para o 
jornalista com voz menos retumbante, mas sempre 
cheia e sonora, as novas melodias de Tosti: Tor 
mento, O dolce meraviglia, Perdut mente, e depois 
uma outra do mesmo autor em inglez com perfeita 
pronuncia britannica: Parted, e a Serenatella de 
Mario Costa, e o Lasciati amar, escripta para elle ha 
pouco tempo pelo maestro Leoncavallo. E em italia 
no, em francez, em inglez, expande a sua bella voz. 
é * 
0 terceiro mariòo a Revuede THistoiredeVer- 
sailles dá uma curiosa noticia 
òe (Daria Luiza, sobre o terceiro marido de Ma- 
ria Luiza, duqueza de Parma. 
ouqueza oe Parma A viuva de Napoleão, como se 
sabe, despozou em segundas 
nupcias o general austríaco Neipperg. Morrendo elle, 
tomou por espozo Carlos Bombelles, fidalgo francez, 
emigrado na Austria depois da revolução de Julho 
de 1830. Maria Luirá, á morte de Neipperg, tinha de 
clarado que nenhum outro homem a poderia conso 
lar; Bombelles viuvo, levava sempre onde ia o cora 
ção de sua mulher fechado dentro de um cofresinho 
de chumbo. Entretanto esses inconsoláveis consola 
ram-se juntos e a duqueza despozou secretamente 
Bombelles, que lhe tinha sido mandado por Metter- 
nick para auxilial-a no governo. Durante a lua de mel 
via-se a duqueza toda curva, parecendo muito mais 
velha do que era na realidade, passeiando a pé por 
Parma ao braço de Bombelles, escoltada por um só 
creado que levava um saquinho cheio de pequenos 
rolos de prata para distribuir ao povo. 
Bombelles soube inspirar a Maria Luiza ideias de 
ordem e de religião, mas essa educação moral não 
bastou para a tomal-a fiel. Em 1847, Maria Luiza mor 
reu deixando ao marido 300.000 francos e o seu re 
trato pintado por Gérard. 
SUPPLEMENTO 
Bombelles voltou á Austria, mas a revolução de 
1848 fel-o voltar á França e elle acabou a sua vida na 
sua cidade natal, em Versailles. 
& & 
0 Hirono Ò0 Scha Na occasião de ser coroado 
solemnemente o pequeno Scha 
03 PCl’Sia da Pérsia, descreve o corres 
pondente de um jornal inglez 
o throno famoso sobre o qual elle se senta e que é o 
mais rico que existe : 
«E’ uma especie de leito de prata macissa ornado 
de lavores de uma arte delicadíssima reprezentando 
guerreiros, cabeças de animaes e outras scenas figu 
radas ; todas as partes que não são lavradas têm enor 
mes diamantes incrustados. Em volta dos diamantes 
passam linhas feitas de pedras preciosas. 
Emfim, no meio do espaldar, vê-se um brilhante 
phenomenal que por si só reprezenta uma fortuna. 
Mas não é tudo; sobre esse leito regio que serve 
de throno sómente nas grandes cerimonias, o Scha 
actual collocou uma coberta e um coxim semeado de 
diamantes, rubis e saphiras. 
Esse maravilhoso throno é avaliado em 75.000.000 
francos. 
* * 
n acção òos perfumes E’ muito difficil definir a 
acção que os perfumes 
pódem ter no organismo, porque esta acção muda se 
gundo a natureza dos perfumes e segundo os indivi 
duos. 
O perfume das rosas fazia Gretry perder os senti 
dos ; a princeza de Lamballe não podia supportar o 
das violetas. 
Ao contrario, citam-se exemplos de estranha tole 
rancia. Ñero pulverizava com agua de rosas todos os 
seus apozentos. Luiz XIV vivia no meio de flores de 
larangeira. O marechal Richelieu passava o dia n’u- 
ma sala, cujo tecto deitava continuamente uma poeira 
perfumada. O almiscar deu o seu nome aos Incroya- 
bles do Directorio. A imperatriz Josephina perfuma 
va violentamente de almiscar o seu gabinete de toi 
lette. Napoleão cobria-se iodas as manhãs de agua 
de Colonia. 
Agora, algumas informações sobre os effeitos que 
pódem produzir certos perfumes: Piesse aconselha 
aos oradores que perfumem o lenço com agua de 
Hungria. 
Esta precaução é muito util em certas reuniões pu 
blicas... 
O doutor Morius não crê que o abuso dos perfu 
mes constitua verdadeiro perigo, mas admitte que se 
possa perder o olfacto completamente. 
E’ preciso, pois, evitar o mais possivel os aromas 
muito activos, nocivos e importunos. 
Existem entretanto perfumes que têm um caracter 
antiséptico: estes eram bem conhecidos dos antigos 
que se serviam d’elles para o embalsamamento. Foi 
com o benjoim e outras hervas aromáticas que os Egy- 
pcios se livraram por muito tempo da peste. 
Emfim os camponios asseveram que a presença de 
um bode n’uma estrebaria impede a epizootia. Até 
um certo tempo se considerou absurda uma tal cren 
ça ; depois, porém, se pensou que o acido hircico de 
senvolvido pelo bode devia tornar o ar improprio 
para a vida de certos microbios. 
Seria interessante conhecerem-se todos os perfu 
mes inimigos dos microbios; poder-nos-iamos salvar 
de não se sabe quantas doenças.
	        
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