SELECTA
pennas cheios de ovos ao naturalista Guerin-Mené-
ville, que os aprezentou á Academia de Sciencias.
Dos ovos desenvolveram-se em breve as lagartas que
foram criadas pelo notavel naturalista com o maior
cuidado.
Fundaram-se n’ellas muitas esperanças, suppon-
do-se que a lagarta do ailanto se prestasse á produ
cto de urna seda barata e forte. Mas assim que se
aclimou, produziu pouca seda e difficilmente.
Por esse motivo os productores de seda voltaram-
se para outras especies mais rendosas e especial
mente para a An!hevea ou Saturna y ama-mayu que é
criada desde muito tempo no Jaoáo e é tão apre
ciada que até no anno 1865 se ameaçava com a
pena de morte quem exportasse os ovos d’esse bi
cho de seda. Entretanto, no anno 1861, o senhor
Duchesne de Bellecourt, então cónsul geral e mi
nistro plenipotenciario francez, conseguiu mandar
alguns ovos da borboleta á Soctete d’Aclimatatio?i.
Mas como era desconhecido na Europa o modo de
criação, um só d’esses bichos (que á falta de melhor
foram alimentados com folhas de carvalho) produziu
um casulo, do qual sahiu uma borboleta descripta
por Guérin.
Telea polyphemus».
No anno seguinte, Eugène Simón, commissario do
governo francez na China e no Japão, foi encarre
gado de levar a Europa ovos d’essa mesma especie.
Tendo que se retirar da terra do Sol Levante sem
conseguir o seu intento, poude interessar á sua cau
sa um medico da marinha hollandeza, rezidente em
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Casulos de diversas especies exóticas de bichos de seda.
Nagasaki, um tal Pompe van Moodervoorst que r
graças a um estratagema, levou á Europa os ovos-
da borboleta.
Desta vez a Socie'te' d 1 Aclimatation conseguiu, com
uma pequena distribuição de ovos aos criadores,
criar as lagartas, de modo que ellas pudessem figu
rar, em 1863, n’uma secção da Exposição. O mar-
quez de Risqual poude depois criar em liberdade
as mesmas borboletas. Apezar d’estas animadoras
tentativas, não se conseguiu naturalizar a borbo
leta; e também todos os esforços feitos com as es
pecies ja conhecidas não deram resultados satisfa
ctorios para a industria em grande escala.
Em todo o caso os criadores mais modernos,
como os que foram citados acima, da Inglaterra e
da França, tratam mais de vender aos collecciona-
dores os bellos exemplares de borboletas exóticas.
Os productores de bichos de seda têm uma organi
zação puramente industrial, muito differente dos
que querem fornecer material para estudo aos curio
sos da natureza e para aquelles que gostam de col-
leccionar lepidópteros.
Y1QS DE ORUflEBO
^Jrna fada activa teceu-os esta noite. A terra está
toda coberta. E’ um tecido branco, de malhas
largas, que passa pelas pontas dos capins. Em cada
fio, o orvalho suspendeu collares de diamantes. Uma
profusão de pedrarias ornamenta os campos e as
cobertas das choupanas.
Depois, sumiu-se o mysterio da alvorada. A prin-
oeza matutina de vestido bordado refugiou-se na es
curidão das sebes. As pedras preciosas evaporaram-
se; a fonte dos diamantes estancou a um beijo do
sol. Agora é uma seda, seda viva que palpita, que se
desfia ao menor sopro.
Nos sulcos do arado, nas palhoças, nas vinhas-
desfolhadas, elles deitam um manto de belleza, de
illusão. A estação moribunda, a agonia das plantas
reveste-se d’essa graça suprema.
E’ uma mortalha delicada, um sudario precioso-
sobre as cousas que vão morrer.