Full text: 3.1917,31.Mrz.=Nr. 13 (1917000313)

SELECTA 
em proporções simples; e quando 
formam muitos compostos pela 
sua combinação, as diversas pro 
porções desses derivados são sem 
pre múltiplos uns dos outros. E’ 
sempre uma questão de duas par 
tes de um para uma do outro, ou 
de uma por uma, de tres por uma 
ou de tres por duas, e outras pro 
porções idênticas; mas nunca são 
fracções, nunca metades, quartos 
e sim sempre partes integraes. 
Uma descoberta que tornou 
para sempre celebre o nome de 
Dalton 
A grande lei, que revelou a Dal 
ton a existencia dos átomos, assim 
como o modo por que os compos 
tos são formados, é conhecida em 
todo o mundo, ha mais de um sé 
culo, sob o nome de lei das pro 
porções múltiplas. Só pode ter esta 
interpretação: os compostos cons 
tam de moléculas, contendo um 
numero determinado de átomos 
de cada elemento. 
Onde quer que encontremos um 
exemplar de N205, se o decom- 
puzermos, teremos proporções 
exactas em peso de azoto e de 
oxygenio ; o que quer dizer que 
esse composto é formado de mo 
léculas, cada uma das quaes se 
compõe exactamente de dois ato- 
mos de azoto e cinco de oxygenio. 
Se não existissem átomos, os 
elementos não se poderiam cons 
tituir desse modo; existem pois 
necessariamente os atomos. E’ 
esse o grande argumento e a gran 
de descoberta que ¡Ilustraram o 
nome de Dalton. 
Se se representar por 1 o peso 
do átomo de hydrogenio, o peso 
do atomo de azoto é 14, e o do 
atomo de oxygenio é 16. A con 
clusão é que em 30 grammas de 
NO encontram-se sempre, exacta 
mente, 14 grammas de azoto e 16 
de oxygenio. Por conseguinte 
pode-se calcular sempre, facilmen 
te, as proporções em peso dos 
compostos que constituem dois 
corpos — quando se conhece a 
sua formula. 
0 que é uma formula e a figura 
que ella representa 
para o chimico 
As denominações de H20, NO, 
C02, etc., têm o nome de formu 
las. Cada uma delias é a formula 
do corpo que representa. Quando 
se considera uma formula chimi- 
ca, como H20, e se compara com 
o que se obtem á decomposição 
da agua e se notam as proporções 
de oxygenio e de hydrogenio que 
ella contem, verifica-se que essa 
formula exprime exactamente que, 
sob uma forma muito condensada, 
ha sempre na agua oito partes do 
peso em oxygenio para uma de 
hydrogenio, pois já dissemos que 
um atomo de oxygenio é 16 vezes 
mais pesado que um atomo de hy 
drogenio. 
O 
PEIXE-SARIGUE 
O 
Trata-se apenas de um peixinho, um pygmeu do 
“ Oceano, porém, mais extraordinario do que todos 
os gigantes do mar. 
, A baleia constitue enorme massa; o peixe-sarigue 
é, elle só, um mundo. 
Como a gambá, que tem um sacco, berço vivo 
onde moram os seus filhos, deu a natureza ao peixe- 
sarigue uma bolsa que é também o berço e o asylo 
dos seus filhos. Essa bolsa animada é uma miniatura 
da bolsa da gambá, e a sua pequenez torna mais 
grandioso o fim a que a destinou a natureza. 
Vêm-se, subitamente, seis ou oito infimos peixi 
nhos sahindo dessa bolsa materna, como o camon- 
dongo que sae da sua toca, ou desapparecendo dentro, 
rapidamente. 
Esse sacco é o asylo, o ninho, a fortaleza, o pa 
lacio do peixe-sarigue recem-nascido. Ahí elle entra 
e sae a seu gosto — e o berço nada, afunda, fluctua, 
balança na espuma — casa sempre aberta, refugio 
sempre prompto. 
Ao menor perigo, os pequenos peixes correm para 
o quarto maternal, e a porta se fecha. A casa viva 
segue a corrente ou desce ás profundezas da agua. 
E’ uma familia inteira, que passa, uma geração,‘que 
mergulha e desapparece. 
Uma singularidade curiosa torna o peixe-sarigue 
um dos animaes mais interessantes do mar. Em todos 
os seres dotados pela natureza dessa bolsa-berço, é 
sempre a femea que o possue, pois ella é 
a nutriz. Nos peixes-sarigues dá-se o 
contrario. E’ o macho que traz esse 
extranho apparelho; é o pae que 
leva o berço ; na occasião da postura, 
a femea approxima-se do macho e os 
ovos são transmittidos á bolsa deste, 
que se transforma assim em choca 
deira tornando-se a verdadeira mãe. 
Depois de effectuada a transmissão 
maravilhosa, a femea some-se, desap 
parece nas ondas. Cumpriu a sua 
missão. 
Logo que os ovos passam para a 
bolsa paterna, fecham-se as válvulas 
dessa bolsa e ao mar é confiada a 
missão de chocal-os. 
Um mez depois saem os filhotes, 
primeiro dos minúsculos ovos e de 
pois do berço. Todos ao mar! Mas 
nunca perdem de vista a bolsa nativa... 
E’ perto delia, na sua visinhança, que elles brincam 
e ensaiam timidamente nadar á superfície das aguas. 
A bolsa é para elles o pharol que os guia, o asylo 
que os espera. O pae não fica inactivo a vel-os brin 
car : vela por elles, dirige-os, anima-os com uma ter 
nura na verdade maternal. Ensina-lhes a nadar, a 
afundar, a fugir do perigo, a apanhara presa. O pae 
é tudo: nutriz e professor de natação.
	        
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