SELECTA
em proporções simples; e quando
formam muitos compostos pela
sua combinação, as diversas pro
porções desses derivados são sem
pre múltiplos uns dos outros. E’
sempre uma questão de duas par
tes de um para uma do outro, ou
de uma por uma, de tres por uma
ou de tres por duas, e outras pro
porções idênticas; mas nunca são
fracções, nunca metades, quartos
e sim sempre partes integraes.
Uma descoberta que tornou
para sempre celebre o nome de
Dalton
A grande lei, que revelou a Dal
ton a existencia dos átomos, assim
como o modo por que os compos
tos são formados, é conhecida em
todo o mundo, ha mais de um sé
culo, sob o nome de lei das pro
porções múltiplas. Só pode ter esta
interpretação: os compostos cons
tam de moléculas, contendo um
numero determinado de átomos
de cada elemento.
Onde quer que encontremos um
exemplar de N205, se o decom-
puzermos, teremos proporções
exactas em peso de azoto e de
oxygenio ; o que quer dizer que
esse composto é formado de mo
léculas, cada uma das quaes se
compõe exactamente de dois ato-
mos de azoto e cinco de oxygenio.
Se não existissem átomos, os
elementos não se poderiam cons
tituir desse modo; existem pois
necessariamente os atomos. E’
esse o grande argumento e a gran
de descoberta que ¡Ilustraram o
nome de Dalton.
Se se representar por 1 o peso
do átomo de hydrogenio, o peso
do atomo de azoto é 14, e o do
atomo de oxygenio é 16. A con
clusão é que em 30 grammas de
NO encontram-se sempre, exacta
mente, 14 grammas de azoto e 16
de oxygenio. Por conseguinte
pode-se calcular sempre, facilmen
te, as proporções em peso dos
compostos que constituem dois
corpos — quando se conhece a
sua formula.
0 que é uma formula e a figura
que ella representa
para o chimico
As denominações de H20, NO,
C02, etc., têm o nome de formu
las. Cada uma delias é a formula
do corpo que representa. Quando
se considera uma formula chimi-
ca, como H20, e se compara com
o que se obtem á decomposição
da agua e se notam as proporções
de oxygenio e de hydrogenio que
ella contem, verifica-se que essa
formula exprime exactamente que,
sob uma forma muito condensada,
ha sempre na agua oito partes do
peso em oxygenio para uma de
hydrogenio, pois já dissemos que
um atomo de oxygenio é 16 vezes
mais pesado que um atomo de hy
drogenio.
O
PEIXE-SARIGUE
O
Trata-se apenas de um peixinho, um pygmeu do
“ Oceano, porém, mais extraordinario do que todos
os gigantes do mar.
, A baleia constitue enorme massa; o peixe-sarigue
é, elle só, um mundo.
Como a gambá, que tem um sacco, berço vivo
onde moram os seus filhos, deu a natureza ao peixe-
sarigue uma bolsa que é também o berço e o asylo
dos seus filhos. Essa bolsa animada é uma miniatura
da bolsa da gambá, e a sua pequenez torna mais
grandioso o fim a que a destinou a natureza.
Vêm-se, subitamente, seis ou oito infimos peixi
nhos sahindo dessa bolsa materna, como o camon-
dongo que sae da sua toca, ou desapparecendo dentro,
rapidamente.
Esse sacco é o asylo, o ninho, a fortaleza, o pa
lacio do peixe-sarigue recem-nascido. Ahí elle entra
e sae a seu gosto — e o berço nada, afunda, fluctua,
balança na espuma — casa sempre aberta, refugio
sempre prompto.
Ao menor perigo, os pequenos peixes correm para
o quarto maternal, e a porta se fecha. A casa viva
segue a corrente ou desce ás profundezas da agua.
E’ uma familia inteira, que passa, uma geração,‘que
mergulha e desapparece.
Uma singularidade curiosa torna o peixe-sarigue
um dos animaes mais interessantes do mar. Em todos
os seres dotados pela natureza dessa bolsa-berço, é
sempre a femea que o possue, pois ella é
a nutriz. Nos peixes-sarigues dá-se o
contrario. E’ o macho que traz esse
extranho apparelho; é o pae que
leva o berço ; na occasião da postura,
a femea approxima-se do macho e os
ovos são transmittidos á bolsa deste,
que se transforma assim em choca
deira tornando-se a verdadeira mãe.
Depois de effectuada a transmissão
maravilhosa, a femea some-se, desap
parece nas ondas. Cumpriu a sua
missão.
Logo que os ovos passam para a
bolsa paterna, fecham-se as válvulas
dessa bolsa e ao mar é confiada a
missão de chocal-os.
Um mez depois saem os filhotes,
primeiro dos minúsculos ovos e de
pois do berço. Todos ao mar! Mas
nunca perdem de vista a bolsa nativa...
E’ perto delia, na sua visinhança, que elles brincam
e ensaiam timidamente nadar á superfície das aguas.
A bolsa é para elles o pharol que os guia, o asylo
que os espera. O pae não fica inactivo a vel-os brin
car : vela por elles, dirige-os, anima-os com uma ter
nura na verdade maternal. Ensina-lhes a nadar, a
afundar, a fugir do perigo, a apanhara presa. O pae
é tudo: nutriz e professor de natação.