Full text: 8.1922,25.Febr.=Nr. 8 (1922000808)

SELECTA 
Este templo — vetusta e secular 
igreja de S. Sebastião — quanta re 
cordação bôa não guarda ? 
£ a gruta de Lourdes tradicional 
e milagrosa, florida sempre pelos 
jasmineiros em flôr, quanta saudade 
me faz ! 
Hoje tudo vae para as ruinas !... 
Feliz tempo aquelie em que eu 
nada pensava e satisfeito entrega- 
va-me ao somno, para no dia se 
guinte continuar as brincadeiras co 
meçadas de vespera. 
Esta lembrança dos meus dias sem 
cuidado e a recordação das minhas 
travessuras, conjunctamente, fazem- 
me bem á alma cansada e ao cora 
ção precocemente avelhantado pelas 
decepções da vida. 
Aqui, perdi meu pae — único 
amigo cuja ausencia até hoje choro 
—que me promettia tanta cousa bôa 
nos carinhos que me fazia ! 
Também vi desapparecer minha 
tia, creatura santa, que depois de 
quasi dois annos de um sofrimento 
horrível, pois o seu corpo tornára-se 
numa só chaga aberta, deixou-nos 
para sempre. 
Assim, a recordar a minha vida 
passada, senti doer-me o coração. 
lili». 
1 
- Ora, Zé, apezar da minha phantasia e mas 
cara, todos me conhecem. 
— Tens razão. . . dóe, sempre, 
uma saudade ! Commentou o meu 
velho amigo. 
—Vês ? A picareta entrando pela 
montanha a dentro, vae a derruban 
do sensivelmente, desapiadadamente. 
— Mais alguns annos e uma es 
planada ficará do que foi o morro do 
Castello ! 
— Quantas lagrimas, risos, dôres 
e alegrias não flcarão sob os escom 
bros desta collina ? ! Mais tarde, 
quando novos predios se construí 
rem em estylo moderno, quando nin 
guém mais se lembrar do que repr 
sentou este perímetro, admirando 
melhoramentos recentes, todav 
lembrar-me-ei de outros tempos' 
de quando o Castello vivia. 
Talvez, então, os risos francos 
as gargalhadas sonoras, não seja 
tão bons como os que ouvi quaní 
era garoto ainda, ha tantos annj 
passados. 
Tantas vezes, aqui, ri e chor 
mas differentemente de hoje, q> 
sinto carregada ás costas, a carcas 
da vida, queme vae pesando, agorC'el 
— Que tristeza ! mostrando-me^"' 1 
igreja em ruina, eas escavações pr®aio 
fundas, com accentuação triste, fal<*°®- 
o meu caro amigo. hh 
E assistindo a derrubada do morrtdvoi 
lembrei-me do Jean de Mirbeauj s th 
para mim repeti as suas palavn a de 
5 CWo o que era meu, morreu ! : ttra * 
Presentindo os meus soluços ab* a a 
fados, com perfidia e curiosament?. esni 
indagou o Dr. Isaias, o motivo 
tanto enternecimento. ® 
Satisfazendo-lhe acuriosidade, e| m ® ‘ 
pliquei-me dizendo as palavras c® ^ 
poeta: 
s. E 
im < 
* penso em tyia ir 
que a Saudade ensinou e nunca mais se 
quece. 
•e. 
Mario I. B. Pinto Ere 
íoliê 
d: 
O QUE. SE PENSA E O QUE SE DIZ 
ara ; 
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m P¡ 
J dir 
>s mi 
Naquella hora, 
em que o crepus- 
culo deitava um 
véo de penumbra 
em todo o bosque, 
Jesus era açouta 
do e barbaramen 
te maltratado pelos seus algozes. 
Coberto por uma túnica branca, com 
os olhos elevados ao céo estendido con 
soladoramente sobre todas as cabeças, 
elle exhalou um longo, intimo e dolo 
roso suspiro .. . 
Como o comprehendia mal aquella 
turba ! 
O seu olhar baixou sobre a multidão, 
que só lhe merecia piedade. 
« - Oh ! Jerusalem ingrata 1 » — mur 
murou. 
Collocaram-lhe, depois, a corôa de es 
pinhos e scintillou uma gotta de sangue, 
que rolando pelo rosto macerado, foi 
cahir no solo. Como por encanto sur 
giu uma flôr linda e muito rubra. 
Sobre os hombros de Jesus, colloca- 
ram a pesada cruz, fazendo-o subir o 
Calvario. 
* * * 
Pouco depois, uma mulher, com os 
cabellos esparsos, cahia exhausta, no 
mesmo lugar em que fôra coroado o fi 
lho de Deus. 
Vinha a procura de Jesus, daquelle 
que a tinha convertido e perdoado to 
dos os peccados. 
A lenda dos 
cravos 
vermelhos 
RIO 
Era Magdalena. 
Assistira a continua genese dos seus 
sentimentos, brotados depois de escutar 
a sabia palavra do Rabbi. A sua alma, 
afigurava-se-lhe, na nobreza do arre 
pendimento, um grande e branco lyrio 
estendido para o céo, numa gloriosa e 
santa ascensão .. . 
E, Jesus lhe appareceu novamente na 
imaginação excitada, chamando-a á rea 
lidade dolorosa. 
De seus olhos, uma lagrima nivea e 
luminosa, rolou, cahindo sobre as péta 
las da flôr, transmittindo lhe o perfume 
da fé, que lhe embalsamava a alma gran 
diosa. 
Essa flôr, chamou-se cravo. 
Lembra na fórma a corôa que fulgiu 
ná branca fronte de Jesus e no perfume 
a alma branda de Maria Magdalena, 
torturada e exaltada ... 
Vjanira Guedes 
“Grande Cruzada Nacional Contra 
a Tuberculose” 
Em todo o mundo a Tuberculose con- 
tribue para 1/7 das populações dos ce 
mitérios, no Rio ella contribue com 1/5. 
víctima 
do AMOR 
A’ Diva 
BARBACENA 
Era por uí 
Coi 
dessas bellas ta Qm 
des que caractetn nu 
zam o outomtjj. ur 
Se acreditas | 
amor, á primei* 1 ” 1 - 
vista, podes te techo 
gulhar de tel 
causado, pois tens um quid que te tÜ 
tingue, sobremaneira, das demais joveí 
— Não, não mais te poderá esqueC 
o meu coração. Se durmo vejo-te, ( 
deliciosos sonhos ; si velo apárecem-í 
estampados no meu pensamento : te 
seductores olhos, rubros labios, rose- 
faces, deliciosa bocea, alvos dentes e í 
nalmente o teu harmonioso e gracio 
conjuncto. 
Mas, que me vale, a mim, estes te 1 
encantos, si te amo e não sou amado 
E, é por isso, adoravel, encantadora 
deliciosa Diva que te esquecer procuri 
mas, é debalde porque o amor, por 
já se arraigou no meu coração... 
Mas, o teu amor, qual outra Phení 
resurgirá de suas próprias cinzas, e, «iores 
sim sendo, ainda me resta a esperanC ue :. 
de, em alguma tarde que me lembP 
aquella que pela primeira vez te vi, oíP re f 
vir de teus labios : iam 
« — Não quero que soffras por m8l arrc 
tempo. » 
Ou então: 
« — Eu te ... » 
Artuà 
Em 
tum
	        
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