SELECTA
Este templo — vetusta e secular
igreja de S. Sebastião — quanta re
cordação bôa não guarda ?
£ a gruta de Lourdes tradicional
e milagrosa, florida sempre pelos
jasmineiros em flôr, quanta saudade
me faz !
Hoje tudo vae para as ruinas !...
Feliz tempo aquelie em que eu
nada pensava e satisfeito entrega-
va-me ao somno, para no dia se
guinte continuar as brincadeiras co
meçadas de vespera.
Esta lembrança dos meus dias sem
cuidado e a recordação das minhas
travessuras, conjunctamente, fazem-
me bem á alma cansada e ao cora
ção precocemente avelhantado pelas
decepções da vida.
Aqui, perdi meu pae — único
amigo cuja ausencia até hoje choro
—que me promettia tanta cousa bôa
nos carinhos que me fazia !
Também vi desapparecer minha
tia, creatura santa, que depois de
quasi dois annos de um sofrimento
horrível, pois o seu corpo tornára-se
numa só chaga aberta, deixou-nos
para sempre.
Assim, a recordar a minha vida
passada, senti doer-me o coração.
lili».
1
- Ora, Zé, apezar da minha phantasia e mas
cara, todos me conhecem.
— Tens razão. . . dóe, sempre,
uma saudade ! Commentou o meu
velho amigo.
—Vês ? A picareta entrando pela
montanha a dentro, vae a derruban
do sensivelmente, desapiadadamente.
— Mais alguns annos e uma es
planada ficará do que foi o morro do
Castello !
— Quantas lagrimas, risos, dôres
e alegrias não flcarão sob os escom
bros desta collina ? ! Mais tarde,
quando novos predios se construí
rem em estylo moderno, quando nin
guém mais se lembrar do que repr
sentou este perímetro, admirando
melhoramentos recentes, todav
lembrar-me-ei de outros tempos'
de quando o Castello vivia.
Talvez, então, os risos francos
as gargalhadas sonoras, não seja
tão bons como os que ouvi quaní
era garoto ainda, ha tantos annj
passados.
Tantas vezes, aqui, ri e chor
mas differentemente de hoje, q>
sinto carregada ás costas, a carcas
da vida, queme vae pesando, agorC'el
— Que tristeza ! mostrando-me^"' 1
igreja em ruina, eas escavações pr®aio
fundas, com accentuação triste, fal<*°®-
o meu caro amigo. hh
E assistindo a derrubada do morrtdvoi
lembrei-me do Jean de Mirbeauj s th
para mim repeti as suas palavn a de
5 CWo o que era meu, morreu ! : ttra *
Presentindo os meus soluços ab* a a
fados, com perfidia e curiosament?. esni
indagou o Dr. Isaias, o motivo
tanto enternecimento. ®
Satisfazendo-lhe acuriosidade, e| m ® ‘
pliquei-me dizendo as palavras c® ^
poeta:
s. E
im <
* penso em tyia ir
que a Saudade ensinou e nunca mais se
quece.
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Mario I. B. Pinto Ere
íoliê
d:
O QUE. SE PENSA E O QUE SE DIZ
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J dir
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Naquella hora,
em que o crepus-
culo deitava um
véo de penumbra
em todo o bosque,
Jesus era açouta
do e barbaramen
te maltratado pelos seus algozes.
Coberto por uma túnica branca, com
os olhos elevados ao céo estendido con
soladoramente sobre todas as cabeças,
elle exhalou um longo, intimo e dolo
roso suspiro .. .
Como o comprehendia mal aquella
turba !
O seu olhar baixou sobre a multidão,
que só lhe merecia piedade.
« - Oh ! Jerusalem ingrata 1 » — mur
murou.
Collocaram-lhe, depois, a corôa de es
pinhos e scintillou uma gotta de sangue,
que rolando pelo rosto macerado, foi
cahir no solo. Como por encanto sur
giu uma flôr linda e muito rubra.
Sobre os hombros de Jesus, colloca-
ram a pesada cruz, fazendo-o subir o
Calvario.
* * *
Pouco depois, uma mulher, com os
cabellos esparsos, cahia exhausta, no
mesmo lugar em que fôra coroado o fi
lho de Deus.
Vinha a procura de Jesus, daquelle
que a tinha convertido e perdoado to
dos os peccados.
A lenda dos
cravos
vermelhos
RIO
Era Magdalena.
Assistira a continua genese dos seus
sentimentos, brotados depois de escutar
a sabia palavra do Rabbi. A sua alma,
afigurava-se-lhe, na nobreza do arre
pendimento, um grande e branco lyrio
estendido para o céo, numa gloriosa e
santa ascensão .. .
E, Jesus lhe appareceu novamente na
imaginação excitada, chamando-a á rea
lidade dolorosa.
De seus olhos, uma lagrima nivea e
luminosa, rolou, cahindo sobre as péta
las da flôr, transmittindo lhe o perfume
da fé, que lhe embalsamava a alma gran
diosa.
Essa flôr, chamou-se cravo.
Lembra na fórma a corôa que fulgiu
ná branca fronte de Jesus e no perfume
a alma branda de Maria Magdalena,
torturada e exaltada ...
Vjanira Guedes
“Grande Cruzada Nacional Contra
a Tuberculose”
Em todo o mundo a Tuberculose con-
tribue para 1/7 das populações dos ce
mitérios, no Rio ella contribue com 1/5.
víctima
do AMOR
A’ Diva
BARBACENA
Era por uí
Coi
dessas bellas ta Qm
des que caractetn nu
zam o outomtjj. ur
Se acreditas |
amor, á primei* 1 ” 1 -
vista, podes te techo
gulhar de tel
causado, pois tens um quid que te tÜ
tingue, sobremaneira, das demais joveí
— Não, não mais te poderá esqueC
o meu coração. Se durmo vejo-te, (
deliciosos sonhos ; si velo apárecem-í
estampados no meu pensamento : te
seductores olhos, rubros labios, rose-
faces, deliciosa bocea, alvos dentes e í
nalmente o teu harmonioso e gracio
conjuncto.
Mas, que me vale, a mim, estes te 1
encantos, si te amo e não sou amado
E, é por isso, adoravel, encantadora
deliciosa Diva que te esquecer procuri
mas, é debalde porque o amor, por
já se arraigou no meu coração...
Mas, o teu amor, qual outra Phení
resurgirá de suas próprias cinzas, e, «iores
sim sendo, ainda me resta a esperanC ue :.
de, em alguma tarde que me lembP
aquella que pela primeira vez te vi, oíP re f
vir de teus labios : iam
« — Não quero que soffras por m8l arrc
tempo. »
Ou então:
« — Eu te ... »
Artuà
Em
tum