Full text: 2.1923=Nr. 1 (1923000201)

PELO MUNDO.. 
=jf= CARLOS VI E 0 CARNAVAL nr == Ü == Les enfants sont terribles», — 
A mascarada tem tido na historia paginas bem 
trágicas, epilogando a mais ruidosa das alegrias 
com os mais lamentáveis dos acontecimentos. 
Registra a Historia de França o seguinte facto, 
occorrido com o rei Carlos VI: 
“ Para divertir urna boda a que assistia a córte, o 
principe e cinco senhores de seu séquito disfarça- 
ram-se em selvagens. Estavam vestidos com roupas 
de linho 
untado de = A ETERNA LOUCURA 
pez, sobre 
o qual ha 
viam col- 
locado es 
topas. Um 
facho ap- 
proximado 
inconside 
radamente 
de um des 
ses masca 
rados ate 
ou fogo a 
seu disfar 
ce. 
“ Inme 
diatamente 
todo o ban 
do ficou 
em chanr- 
mas. A sa 
la vibrou 
em gritos 
de dor e 
espanto. 
Uma dama 
da córte 
salvou o 
rei, envol 
vendo -o 
com seu 
manto, o 
quenSo im 
pediu, to 
davia, que 
o principe 
tornasse a 
enlouqu e- 
cer para 
n3o mais fi 
car curado. 
"Com ex- 
cepçao de 
um só, que 
teve bas 
tante pre 
sença de 
espirito pa 
ra atirar-se 
numa tina 
d’agua, os 
outros ac 
tores dessa 
mascarada 
succumbi- 
r a m em 
meio dos 
mais horrí 
veis sup- 
plic'os. 
“O duque 
Atravessando a sala e passando por detraz de um 
biombo que ahi tinha sido collocado, a menina Va 
lentina e o seu noivo Arthur, este aprovtiiou a 
occasião e pregou-lhe dois beijos. 
Valentina fingindo-se muilo indignada : 
— Arthur! Isso é muito mal feito. Abusaste por 
estar ali o biombo, mas eu hei de saber ao certo 
quem fci que o poz ali!... 
DO CARNAVAL... 
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Quadro do W. EI. Webster 
de Orléans, actor involuntario dessa 
desgraça, não teve outro remedio senão o de lhes 
fazer cantar um “requiem”. 
Degenerou assim numa tragedia a improvisada 
mascarada, que apenas visava dar um pouco mais 
de alegria á festa a que concorrera acórte de França. 
O Arthur 
para o Chi- 
quinho, de 
6 a n n o s, 
irmão da 
V alentina, 
e que ap- 
parece nes 
se momen 
to : 
—Chiqui- 
nho, vou- 
te levar a 
tua mana 
qualquer 
dia. Tu não 
tens pena? 
—NSo te 
nho nenhu 
ma, diz o 
Chiquinho 
furioso. Já 
não somos 
amigos ! 
— Então, 
por que ? 
A Valen 
tina abre- 
lhe osolhos 
para ver se 
evita o des 
astre, mas 
o Chiqui 
nho não se 
importa e 
diz tudo. 
—Por que 
ella mepu- 
xou as 
orelhas 
quando es 
tava pondo 
o biombo 
no meio da 
sala, por 
eu lhe es 
tar a fazer 
perguntas, 
para que o 
queria 
ahil... 
— Papá ! 
— e xcla- 
mou mais 
uma vez o 
filho mais 
novo do 
Barnabé. 
— Olha, 
Thomaz, já 
estou cansado de responder ás tuas perguntas. Faze 
lá essa, mas não me perguntes mais nada hoje. 
“Toma, portanto, cuidado no que vaes pergur.tr r! 
— Tomo, sim, papá. 
— Então, o que queres saber ? 
— Quero... quero... que o papá me diga, porque 
é que não enterram o Mar Morto. 
Sem esperança e sem religião, a vida para o infe 
liz seria um verdadeiro inferno. 
O homem que não receia o máo éxito, raras vezes 
tem que lhe fazer frente.
	        
© 2007 - | IAI SPK
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