PELO MUNDO..
=jf= CARLOS VI E 0 CARNAVAL nr == Ü == Les enfants sont terribles», —
A mascarada tem tido na historia paginas bem
trágicas, epilogando a mais ruidosa das alegrias
com os mais lamentáveis dos acontecimentos.
Registra a Historia de França o seguinte facto,
occorrido com o rei Carlos VI:
“ Para divertir urna boda a que assistia a córte, o
principe e cinco senhores de seu séquito disfarça-
ram-se em selvagens. Estavam vestidos com roupas
de linho
untado de = A ETERNA LOUCURA
pez, sobre
o qual ha
viam col-
locado es
topas. Um
facho ap-
proximado
inconside
radamente
de um des
ses masca
rados ate
ou fogo a
seu disfar
ce.
“ Inme
diatamente
todo o ban
do ficou
em chanr-
mas. A sa
la vibrou
em gritos
de dor e
espanto.
Uma dama
da córte
salvou o
rei, envol
vendo -o
com seu
manto, o
quenSo im
pediu, to
davia, que
o principe
tornasse a
enlouqu e-
cer para
n3o mais fi
car curado.
"Com ex-
cepçao de
um só, que
teve bas
tante pre
sença de
espirito pa
ra atirar-se
numa tina
d’agua, os
outros ac
tores dessa
mascarada
succumbi-
r a m em
meio dos
mais horrí
veis sup-
plic'os.
“O duque
Atravessando a sala e passando por detraz de um
biombo que ahi tinha sido collocado, a menina Va
lentina e o seu noivo Arthur, este aprovtiiou a
occasião e pregou-lhe dois beijos.
Valentina fingindo-se muilo indignada :
— Arthur! Isso é muito mal feito. Abusaste por
estar ali o biombo, mas eu hei de saber ao certo
quem fci que o poz ali!...
DO CARNAVAL...
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Quadro do W. EI. Webster
de Orléans, actor involuntario dessa
desgraça, não teve outro remedio senão o de lhes
fazer cantar um “requiem”.
Degenerou assim numa tragedia a improvisada
mascarada, que apenas visava dar um pouco mais
de alegria á festa a que concorrera acórte de França.
O Arthur
para o Chi-
quinho, de
6 a n n o s,
irmão da
V alentina,
e que ap-
parece nes
se momen
to :
—Chiqui-
nho, vou-
te levar a
tua mana
qualquer
dia. Tu não
tens pena?
—NSo te
nho nenhu
ma, diz o
Chiquinho
furioso. Já
não somos
amigos !
— Então,
por que ?
A Valen
tina abre-
lhe osolhos
para ver se
evita o des
astre, mas
o Chiqui
nho não se
importa e
diz tudo.
—Por que
ella mepu-
xou as
orelhas
quando es
tava pondo
o biombo
no meio da
sala, por
eu lhe es
tar a fazer
perguntas,
para que o
queria
ahil...
— Papá !
— e xcla-
mou mais
uma vez o
filho mais
novo do
Barnabé.
— Olha,
Thomaz, já
estou cansado de responder ás tuas perguntas. Faze
lá essa, mas não me perguntes mais nada hoje.
“Toma, portanto, cuidado no que vaes pergur.tr r!
— Tomo, sim, papá.
— Então, o que queres saber ?
— Quero... quero... que o papá me diga, porque
é que não enterram o Mar Morto.
Sem esperança e sem religião, a vida para o infe
liz seria um verdadeiro inferno.
O homem que não receia o máo éxito, raras vezes
tem que lhe fazer frente.