Full text: 2.1923=Nr. 2 (1923000202)

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PELO MUNDO... 
Carlos II, de Inglaterra 
Carlos 11, que se achava refugiado na Hol 
landa, foi chamado pelo Parlamento inglez, e 
recebido como rei, em Maio de 1660, entu 
siásticamente. 
Tinha, então, o filho de Carlos I trinta an- 
nos, e era homem audacioso e de sangue frio, 
como provou na guerra da Escocia. Mas era 
pouco amigo do trabalho. 
Sendo um libertino, tornou a córte de Ingla 
terra a mais corrompida de todas, durante os 
vinte e cincoan- 
nos do seu rei- martha 
nado. 
Profundamen 
te anglicano, e 
pretendendo 
submetter todo 
o reino ao An- 
glicanismo, com 
bateu os Purita 
nos. Pelo bilí de 
uniformidade, 
obrigou, no rei 
no, o uso do li 
vro de orações 
anglicanas. 
A vida de pra 
zeres de Car 
los II custava 
sommas enor 
mes, e eram es 
cassos os 30 mi 
lhões de fran 
cos, correspon 
dentes a 90 mi- 
lhões actuaes, 
que o Parlamen 
to lhe concedia 
como subsidio 
annual. Então, 
Carlos II pro 
curou Luiz XIV; 
e, em 1662, ven- 
deu-lhe Dunker 
que, que Crom- 
well havia ad 
quirido, e em 
1670, pelo tra 
tado de Dover, 
vendeu-lhea sua 
alliança contra 
a Hollanda, pro 
metiendo, ou- 
trosim, conver- 
ter-se ao catholicismo. Como consequência do 
tratado de Dover, Carlos II promulgou em 
1672 uma declaração de indulgencia, cessando a 
perseguição contra puritanos e catholicos, e, 
com Luiz XIV, declarou guerra á Hollanda. 
Carlos II, que acarretou assim as iras do 
Parlamento, fez a paz com a Hollanda, casou 
uma filha com Guilherme d’Orange, que era 
inimigo de Luiz XIV, e declarou guerra ao 
rei de França, tudo para acalmar os ánimos 
exaltados. 
Por fim, em 1679, chegou a dissolver o Par 
lamento. Mas a Camara dos Communs afastou 
o duque de York, seu irmão, da successão á co 
roa. Eisto deu origem aos partidos Torye Whig. 
O rei, auctoritario como era, governou como 
soberano absoluto até o dia 16 de Fevereiro de 
1685, em que morreu. 
*- 
UM ANTEPASSADO 
Uma visão deliciosa de graça e frescura. 
O nosso amigo D. Polycarpo mandou reno 
var o seu palacete da rua de S. Bento, e pas 
sando todos os dias pelo mercado de bric-á- 
brac, que alli ha, deparou n’uma das lojas com 
um grande quadro representando um cavallei- 
ro, vestido de armadura de ferro e com urna 
vistosa cruz de Aviz pendente ao pescoço. ' 
mansfield Pareceu-lhe, 
alem do mais, 
que o cavallei- 
ro do quadro 
tinha com elle 
uns certos ares 
de familia, e 
por isso lhe 
occorreu adqui- 
ril-o para ini 
cio de uma ga 
leria de ante 
passados com 
que se lembrá- 
ra de adornar o 
restaurado pa 
lacete. Entrou 
em ajustes com 
o bric-a-braquis- 
ta; mas não 
chegaram a ac- 
cordo na ques 
tão do preço. 
Passada uma 
semana, D. Po 
lycarpo, sem 
pre com a mes 
ma idéa ferra 
da, decidiu-se a 
abrir a bolsa e 
voltar ao mer 
cado, succursal 
da feira da La 
dra, para ad 
quirir definiti 
vamente o re 
trato. Este, po 
rém, tinha sido 
vendido já. 
Consolou-se 
como poude da 
sua má ventura 
e já a tinha es 
quecido quasi, 
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quando lhe succedeu ir jantar a casa de seu ve 
lho amigo D. Manuel Travassos. Foi ¡Ilimitada 
a surpreza que teve ao entrar na sala de jantar 
e ao vêr na melhor parede d’ella o cavalleiro 
de Aviz, de que estivera quasi a ser dono, mas 
que se persuadira jamais tornar a vêr. E como 
o velho Travassos notasse a insistencia com 
que o seu hospede fitava o quadro, disse-lhe: 
— E’ urna excellente pintura. Veio-me ás 
mãos de um modo muito curioso. Representa 
um companheiro do grande condestavel e é 
meu antepassado. 
— Isso é verdade? observou D. Polycarpo. 
Pois asseguro-lhe que esteve por bem pouco a 
ser antepassado meu!
	        
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